Curso traz exemplos de como a Arte Negra se apresenta como ponto de resistência política

Neste sábado (21), o professor e crítico de arte Allende Renck dá o curso inédito O Grito do Negro Mudo na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis. Militante do movimento negro, Renck estudou Arte Negra e sua influência no pensamento político paralelamente ao mestrado em Poesia e Aisthesis pela UFSC. Além do curso, que é gratuito e ocorre das 14h às 18h, o material pesquisado dará origem a um livro.

“A gente vive em uma sociedade em que a negritude é emudecida. Não houve nenhuma sociedade humana que não desenvolveu um processo estético, que não tenha feito arte. Nesses estudos, me pareceu que a forma como o negro se volta para a estética, principalmente depois da escravização na América, sempre era um tipo de mobilização em direção a ter voz. Como o samba, com o preto escravizado do Brasil falando alguma coisa que normalmente não se escutava. O Grito do Negro Mudo é essa ideia de que os atos artísticos na negritude, ao longo da história da arte, gritam aquilo que o negro como indivíduo subjugado não consegue dizer por ter sido emudecido pelo branco que o escravizou”, comenta Renck sobre a escolha do nome do curso.

Allende Renck
Allende Renck

O curso tem três módulos: Festa Religiosa, sobre construções artísticas que os escravizados negros constroem quando chegam na América, principalmente por uma necessidade de introdução e rememoração religiosa; Movimento Organizado, que trata sobre movimentos negros desde 1935, com o Négritude, na África, ao Teatro Experimental do Negro, de Abdias Nascimento; e o último bloco, Encontro dos Corpos ou Retorno ao Corpo, sobre a arte contemporânea.

“A partir de Jean-Michel Basquiat , vou mostrando como a Arte Negra começa a modificar esse sistema de identificação que a gente tinha e a criar um novo sistema de singularização dos corpos”, explica o pesquisador.

Curso O Grito do Negro Mudo

Quando: sábado (21), das 14h às 18h
Onde: Fundação Cultural Badesc – Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis
Quanto: gratuito com vagas por ordem de chegada

Fotos: Franchêscolli Gohlke e arquivo pessoal