Bateu a Intervenção Histérica terá participação inédita do grupo Baque Mulher Floripa
A Bateu, festa de música eletrônica de Florianópolis com uma proposta inclusiva para pessoas LGBTIs e outras minorias, inova com uma edição especial totalmente produzida por mulheres e com um line-up igualmente feminino. Batizada de Bateu a Intervenção Histérica, a festa será no dia 8 de fevereiro, no Bar do Deca, e tem como destaque a participação de mulheres batuqueiras do grupo Baque Mulher Floripa.
O nome desta edição busca ressignificar o termo “histerismo”. A Bateu tem um público equilibrado – 55% homens e 45% mulheres -, mas as mulheres da equipe sentiram a necessidade de propor uma intervenção feminina (e histérica). O manifesto explica:
“Porque somos histéricas ao tomar, pela primeira vez, a produção de uma festa com equipe e line-up 100% feminina. Somos histéricas por sermos mulheres trabalhadoras lutando pelos nossos desejos, direitos e escolhas respeitadas. Lutando pelo espaço na cena eletrônica como produtoras, DJs, pista, no front ou qualquer que seja o lugar que queiramos ocupar. Se somos vistas como loucas desvairadas de ressignificar a histeria por impor nossas vozes, há muito tempo abafadas; ainda somos alegres, divertidas, carinhosas e acolhedoras. Mas precisamos ser histéricas, insubordinadas, teimosas, falar alto, meter tiro, porrada e bomba se for necessário”.
No dia 8, tocam DUE, Luna Tik, Fritzzo, Chroma e Noizzed. Haverá ainda performance de Maiteh Carraro, Dualiti, Beatriz Delfino e Baque Mulher Floripa. A participação do Baque Mulher Floripa, inclusive, é um ponto alto da festa. O coletivo fundado em 2016 é extensão do Maracatu Baque Mulher FBV (Feministas do Baque Virado), movimento de cultura negra criado em 2008 no Recife, coordenado pela Mestra Joana D’arc Cavalcante, mulher negra e primeira mulher a reger um Maracatu Nação. O movimento Maracatu Baque Mulher é composto somente por mulheres que cantam, dançam e tocam Loas (músicas) próprias, compostas enquanto instrumento de expressão feminina, luta e resistência pelos direitos das mulheres. As letras conscientizam sobre questões como violência contra a mulher, vivências de mulheres negras e periféricas, feminismo e outras questões.

Hoje, há grupos em diversas cidades do Brasil e no exterior. Conforme fundamento do coleto do grupo, será encaminhada uma porcentagem do cachê para a Nação do Maracatu Encanto do Pina, para ser utilizado conforme as necessidades da comunidade. O Encanto do Pina é um dos grupos mais relevantes do gênero por conta de sua ação social na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, em Recife – onde nasceu o Baque Mulher. Quem quiser pode saber mais aqui.
“O evento está sendo planejado, executado e operacionalizado por mulheres lésbicas, bis, trans, negras, e com essa pluralidade e cuidado com as artistas também”, diz Edinara Rebonatto, responsável pelo marketing da festa.
As outras mulheres que fazem parte da equipe da Bateu e também estão por trás desta edição são Laró Prazeres, Lara Albrecht, Ariana Almeida, Talulah e Noizzed.
Festa segura e inclusiva
Vale lembrar que entre as medidas tomadas para garantir a segurança e o bem-estar de quem frequenta a Bateu estão a proibição de fotografar ou filmar durante a festa e entrada somente com nome na lista ou ingresso adquirido previamente – ou seja, vai quem já conhece e está alinhado com a proposta. Inclusive, vale correr porque os ingressos já estão no segundo lote.
Bateu a Intervenção Histérica
Quando: 8 de fevereiro, às 23h
Onde: Bar do Deca – Rod. Jorn. Manoel de Menezes, s/n, Praia Mole, Florianópolis
Quanto: R$ 40, no site
Foto em destaque: Lara Albrecht