Antônio Turnes, um dos sócios do inferninho azul, fala sobre o momento da casa e novidades

Faz um ano que o Blues Velvet reabriu as portas e desde então a gente sabe que sempre vai ter algo legal rolando por lá. Verdade seja dita: é uma das únicas baladas legais que restaram naquela região do Centro. Para comemorar, o bar azul traz para Florianópolis a cantora e DJ Lovefoxxx, integrante e líder do grupo Cansei de Ser Sexy, que apresentará um DJ Set. O rolê será nesta sexta-feira (31), das 22h às 4h – exatamente o dia em que o bar voltou a funcionar há um ano. Os outros nomes que se apresentam na noite são TheHateLover, Gustavo Monteiro e Chroma, com muito indietronica, electroclash, indie pop e alternative dance.

Para entender melhor o atual momento da casa, conversei com Antônio Turnes, um dos sócios proprietários, sobre como tem sido essa nova fase, qual a festa que mais bombou e o que o Blues está preparando para o Carnaval. 

Como você avalia esse primeiro ano do novo Blues?

Retomar as atividades foi um momento de desafio, pois começamos em janeiro de 2019 num formato mais bar do que balada, fechando às 2h, enquanto o público pedia por um horário maior e a nova cena de DJs da Ilha. 

Formar o novo público também foi um desafio porque o Blues é composto por várias ondas em seus 13 anos de vida. Só tivemos certeza da pluralidade do nosso público com o passar do tempo. Aprendemos com acertos e falhas a moldar e construir esse novo momento do bar azul.

O primeiro ano foi ótimo, aprendemos muito, festamos bastante e seguimos firmes.

O Blues reabriu com a promessa de retomar a sua essência, mas pelo que eu acompanho ele acabou atraindo um público novo. Qual é a essência do Blues hoje?

O Blues sempre foi um ponto de confluência: de pessoas de estilos, de ideias. Nós sempre quisemos manter o fluxo ativo, pois assim da mesma forma que nós influenciamos nossos frequentadores, nossos frequentadores nos influenciam de volta. Antes, o pessoal se importava somente com o estilo de música, hoje o cenário é diferente.

Um bom exemplo da última década foi o auge do indierock, quando fazia muito sentido para a casa ser um ponto de encontro dessa galera alternativa, com discotecagem e shows de bandas autorais. Hoje, o indierock é um ritmo importante para quem viveu essa época de efervescência, e ao invés de ser protagonista, faz parte de um cenário muito menor hoje em dia. 

Então, ao invés de pensarmos sobre o público que vinha somente pelo estilo de música, começamos a pensar quais são os valores desse público. Somos a única balada underground de Florianópolis, a única casa que oferece lista trans free e drag free em todos os rolês, o único estabelecimento que oferece uma festa voltada para mulheres, trans e não-binários (sem a entrada de homem cis). Prezamos pela liberdade e segurança dos nossos clientes para eles serem quem eles quiserem ser, e essa sempre foi a essência do Blues.  

O público do Blues rejuvenesceu de certa forma, mas continua sendo um dos pouquíssimos lugares que consegue reunir todas as tribos e idades, e isso é muito legal. Você pode ir três vezes por semana no Blues e em nenhuma delas vai repetir o tema das festas, com direito a rolê de música emo, disco, latina, novas brasilidades, b-sides do pop, burlesca e shows alternativos, como o duo eletrônico NoPorn, vindo pela primeira vez para Floripa em maio passado, e nesta próxima semana, quando vamos trazer Luísa Lovefoxxx, líder da banda Cansei de Ser Sexy, para um DJ Set em comemoração ao nosso primeiro ano de reabertura.

Foto: Joane Ribeiro

De forma bem pessoal, como tem sido para você encarar esse desafio de comandar um rolê noturno?

Mesmo sendo desafiadora e cansativa, tem sido uma experiência incrível. Eu sempre fui um admirador e frequentador da noite, produzindo a festa Shame Club como primeira experiência e um bico como barback durante meu intercâmbio, onde pude ver um pouco do funcionamento dessa máquina que é um casa noturna.

O ritmo de fazer várias festas por semana ao longo do mês inteiro é muito diferente, especialmente porque não conhecia a parte operacional e de gestão. Até a abertura das portas da casa, existe muito trabalho feito por várias pessoas envolvidas. E depois que a casa está aberta, temos mais seis horas de trabalho, onde todos estão focados para proporcionar a melhor experiência possível.

O desafio para mim é justamente esse, de conciliar tudo e propor novas ações para nos mantermos diferentes, atrativos, e não cair na mesmice. Apesar de toda ansiedade e cigarros fumados, considero uma das melhores fases da minha vida! Estou aprendendo e amadurecendo, conheci muita gente legal e fiz grandes amigos. Tenho orgulho de fazer parte dessa história e poder escrever esse capítulo da biografia do Blues.

Qual é a festa que mais bombou nesse primeiro ano? 

O Baile dos Gêmeos, baile funk organizado pelos irmãos Giovani e Romulo, que nasceu no Blues e cresceu lá. Para você ter uma ideia, na última edição a fila alcançava o cruzamento com a Rua Felipe Schmidt.

Estão preparando coisas novas para esse novo ano? Quais?

Estamos terminando os últimos detalhes do nosso Carnaval 2020 e vamos seguir com o misto de bloquinhos durante o dia e festas à noite dentro do bar. Destaque para a terça de Carnaval, quando acontece o clássico Bloco do Blues ao som de música brasileira

A partir de março, o público pode esperar novas labels. Temos vários ritmos e propostas que estávamos esperando o tempo certo para lançar, então logo após o Carnaval tem festas novas no calendário da casa.

DJ Set Lovefoxxx (css)

Quando: sexta-feira (31), das 22h às 4h
Onde: Blues Velvet Bar – Rua Pedro Ivo, 147, Centro, Florianópolis
Quanto: R$ 20, via Sympla ou diretamente no caixa do bar em horário de funcionamento. 

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Foto em destaque: Brian Degraw