Viajei para a Itália a convite da campanha Meu Tomatì – Campanha de Promoção de Tomates Italianos de Qualidade para conhecer a produção de tomates em conserva

Com milhares de variedades catalogadas, o tomate é originário das regiões da América Central e do Sul. Foi cultivado por povos indígenas muito antes de ser levado para outras partes do mundo e para a Europa. Base da culinária italiana, foi no país da bota que o tomate se popularizou, especialmente na região de Nápoles.

Os tomates italianos se destacam na forma e tamanho: são geralmente mais alongados, com casca mais fina, polpa densa e poucas sementes. Um dos mais famosos, o San Marzano, por exemplo, é cultivado nas encostas vulcânicas do Vesúvio e possui a certificação “Denominação de Origem Protegida” (DOP), que garante a autenticidade e origem geográfica.

E foi justamente nessa região onde se iniciou a viagem de pesquisa sobre o tomate italiano, realizada pela Meu Tomatì – Campanha de Promoção de Tomates Italianos de Qualidade, do consórcio OI Pomodoro Industria Bacino Centro Sud, um dos maiores desenvolvedores italianos na produção de conservas de tomate. Viajei a convite da Câmara Italiana de Comércio e Indústria de SC para conhecer toda a cadeia de produção de tomates em conserva, do plantio à indústria. É parte de uma campanha financiada pela União Europeia e com coordenação das Câmaras de Comércio Italianas no Brasil. 

Além de um evento de lançamento que ocorreu em agosto, em Florianópolis, haverá em outubro uma ação especial em parceria com um restaurante local, onde o tomate será o protagonista, além de outra ação em parceria com a rede de supermercados Imperatriz. Vão ter ainda seminários destinados aos trades do setor de importação. 

O projeto vai até 2025 e o objetivo é fazer com que consumidores e operadores do setor conheçam os produtos e o padrão de qualidade europeu e italiano:

“Somos o principal exportador de tomate e por meio dessa iniciativa pretendemos consolidar esse conhecimento e essa troca sobre esse grande produto que temos”, diz Michele Sabatino, representante do Consórcio. 

60% dos produtos de tomate são destinados à exportação, e o Brasil está entre os principais importadores. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC, em 2020 o Brasil importou, em tomates preparados ou conservados italianos, 21,4 mil toneladas ou US$18 milhões. Em 2021 houve uma ligeira queda na quantidade importada, que chegou a 20,6 mil toneladas, mas em termos de valor, superou os U$19 milhões.  E, mantendo a tendência de crescimento do setor, até o mês de maio de 2023 o Brasil já havia importado 12,8 mil toneladas, alcançando o valor de U$16 milhões.

Visita à Ciao

Produção de tomate em conserva é realizada entre os meses de julho e setembro, junto com a colheita, para garantir o frescor

Na região de Foggia, na Puglia, é onde é produzida a maioria dos tomates com intuito de serem pelados. São mais de 20 mil hectares de plantação, especialmente da variedade Taylor, um tomate alongado que possui similaridade com o famoso San Marzano.

Para Gennaro Velardo, coordenador da área agrícola do OI Pomodoro, o método de transformação do tomate em tomates pelados pode ser chamado de conservação, já que a técnica permite que ele seja consumido em qualquer época do ano como se tivesse sido colhido na hora. 

Quando perguntado sobre a importância do tomate para a cultura italiana, ele é enfático: 

“Quando se fala de tomate, se fala de cozinha italiana”. 

Tomate é a base da cozinha napolitana e italiana

Para garantir o frescor e qualidade, a transformação é feita durante a época de colheita, que costuma ser entre julho e setembro. Na La Doria, empresa focada em rótulos privados, a produção é feita uma vez ao ano, apenas com tomates frescos. A empresa existe desde 1954 e é o principal produtor europeu de tomate pelado e polpa. Na Ciao, que exporta para 95 países e detém 30% do mercado americano, o foco está em produtos para restaurantes e profissionais da gastronomia. Esta última está há mais de 20 anos no mercado brasileiro – começou com envio de dois ou três contêineres por ano e agora enviam 10 por mês.

Os tomates fora do padrão, como verdes, sementes e cascas são separados e devolvidos para a indústria agrícola para produção de alimentos para animais. Em ambas as empresas, a última seleção é feita manualmente, momento no qual são retirados os tomates que não estão dentro do padrão de qualidade. 

Uma curiosidade: para polpas, passeatas e outros molhos, é utilizada a versão redonda do tomate. O tomate alongado é utilizado para produção de tomates pelados. 

Experiências

Produção artesanal de passatas de tomate

Além de termos presenciado um momento de colheita e de duas visitas a indústrias de transformação de tomates, também tivemos a oportunidade de participar de uma produção artesanal de molhos de tomates, assim como faziam as famílias italianas no passado. Também foram realizados almoços e jantares com produtos típicos da culinária do Sul da Itália, além de muito tomate, claro. 

A OI Pomodoro reúne os sujeitos econômicos da cadeia produtiva do tomate produzido e processado no centro-sul da Itália, representando 48 empresas do setor, 6 Organizações de Representação Agrícola e Industrial e 24 Organizações de Produtores de 12 regiões do  centro-sul da Itália: Abruzzo, Basilicata, Calabria, Campania, Lazio, Marche, Molise, Puglia, Toscana, Sardegna, Sicilia e Umbria.

A campanha faz parte  do  programa “Enjoy it’s from Europe”, apoiado e financiado pela União Europeia e que tem o objetivo de destacar a tradição agrícola europeia, beneficiada pelas condições de clima e solo formidáveis e pelos rigorosos protocolos de segurança alimentar exigidos dos produtores na União Europeia, além de dar maior visibilidade e estimular a importação e o consumo de produtos agrícolas europeus de qualidade superior em países como o Brasil. 

*Viajei para a Itália entre os dias 3 e 10 de setembro a convite da campanha Meu Tomatì