Espaço lançou nova campanha de financiamento coletivo para poder abrir as portas em 2022

Em breve, o Córrego Grande vai ganhar o Centro Cultural Veras (CCV), instituição fundada e mantida por uma associação de direito privado e sem fins lucrativos que começou a ser construída em outubro de 2019 e pretende ser uma ponte para promover diálogos e trocas entre os saberes da sociedade contemporânea com a milenar cultura dos Vedas. Considerado o primeiro livro sagrado da história, os Vedas são uma compilação de hinos e preces do hinduísmo, com quatro volumes que teriam sido organizados entre 1500 e 900 a.C. Os pilares do CCV são arte, yoga, educação e sustentabilidade, e têm origem na ideia de cidadania presente na literatura dos Vedas e em outras comunidades ancestrais – para as quais arte, ciência, espiritualidade e educação precisam coexistir e ser nutridas constantemente. 

“Neste sentido, o Veras não é apenas um centro de arte, e sim um espaço para o encontro de culturas, ancestrais e contemporâneas”, diz o curador e historiador da arte Josué Mattos, um dos idealizadores do projeto e membro da associação fundadora do CCV. 

A ideia é que o Veras realize exposições, debates e seminários, residências de artistas e educadores, espetáculos, práticas de asanas, meditação com mantras e kirtans, festivais de bhakti, ateliês e cursos livres, cultivos de sistemas agroflorestais, atividades de educação e segurança alimentar, assim como iniciativas extramuros. O local escolhido também coloca o Córrego Grande na rota cultural da cidade. O projeto está sendo construído no último terreno disponível na Rua Vera Linhares de Andrade, o que influenciou o nome: Veras. Com 75% da obra concluída, o espaço criou uma nova campanha de financiamento coletivo e tem como meta abrir as portas em agosto de 2022. Apesar da obra ser recente, a ideia de criar um centro cultural existe desde 1999:

“Percebi que poderia aproximar mundos distantes com a cena regional, o que hoje entendo como diálogos de culturas ancestrais dos Vedas com o tempo presente. Hoje, esta é uma iniciativa quase familiar. Somos pessoas engajadas nas áreas que sustentam o projeto, o que chamamos de pilares do Veras. Além de minha atuação em arte contemporânea, tenho um longo percurso na tradição e cultura do Yoga, Bhakti e Vedanta, o que acontece com os outros membros da nossa pequena associação, que também atuam em áreas como educação, agroecologia, arte e yoga”, complementa Josué.  

A nova campanha de financiamento coletivo tem como primeira meta arrecadar R$ 160 mil, o que vai permitir a conclusão de todas as despesas da construção para que o espaço abra as portas em agosto. Com as outras duas metas, a associação pretende equipar e mobiliar o local, assim como contratar equipe. A campanha prevê recompensas especiais, elaboradas com a colaboração de artistas e professores de diferentes regiões do Brasil, como um cartaz concebido pelo artista Vitor Cesar com o texto vazado “Sempre Algo Entre Nós” (para quem doar R$ 120 ou mais) e a serigrafia Infinito sobre tecido, um dos estandartes do Veras em colaboração com a Coletiva Açu (para doações acima de R$ 140). É possível apoiar pelo Evoe.

“Dependemos de uma rede de apoio para que as atividades que demandam custos a terceiros e à estrutura do Centro Cultural sejam financiadas, o que acontece em qualquer equipamento cultural. Embora o nosso interesse seja o de realizar o maior número de ações com acesso livre e contribuição espontânea, os mecanismos de incentivo à cultura poderão fazer muita diferença quando efetivados, como é o caso do PIC, do Governo Estadual, ainda em fase de implantação”, explica Josué. O CCV vai contar ainda com parcerias institucionais e ações financiadas pelo público, com base em soluções da economia solidária. 

Conheça o projeto arquitetônico do Centro Cultural Veras

Imagens: Bloco B Arquitetura

O projeto foi desenhado pelo escritório Terra e Tuma, contou com a consultoria de Álvaro Razuk e acompanhamento de Gabriela Fávero, do escritório Bloco B, que também assina os interiores junto com Karina Machado.

“O programa arquitetônico busca aproximar em um pequeno edifício ações de diferentes naturezas, com a necessidade de simplificar os materiais e acabamento, buscando viabilizar o projeto e privilegiar os materiais encontrados na região, como é o caso dos tijolos, fabricados em Canelinha, na Olaria de uma pessoa que ficou bem próxima da gente”, diz Josué. 

As instalações são todas aparentes e pretendem revelar soluções da engenharia, de modo a fazer com que o espaço também possa funcionar como campo de pesquisa aos estudantes de diferentes disciplinas relacionadas à construção civil. Já o paisagismo foi concebido por Gabriella Ornaghi, e partiu do desejo da associação de semear e germinar alimentos em cada pedaço de chão que restar no terreno. Daí a escada-fórum-horta, um dos acessos ao edifício.

Saiba mais sobre o Centro Cultural Veras no site.