“Livros sobre Livros de Cleber Teixeira” terá programação gratuita de 20 a 23 de setembro e celebra a arte de ler em Florianópolis
Depois de mais de um ano de pesquisas e uma imersão na biblioteca pessoal do editor, poeta e tipógrafo Cleber Teixeira (1938-2013), o projeto “Livros sobre Livros de Cleber Teixeira” será compartilhado com o público. Serão quatro dias de programação, de 20 a 23 de setembro. Na terça (20), data que marca o aniversário do editor, a instituição que hoje leva seu nome abre as portas para conversas sobre Cultura do Livro, Artes Gráficas e Tipografia e a Poética de Cleber Teixeira. A entrada é gratuita mediante inscrição prévia pelo site.
O projeto, idealizado pela escritora e artista Patrícia Galelli, pelo escritor e editor Dennis Radünz e pela designer gráfica Tina Merz, é um tributo à paixão por livros e à leitura e tem a chancela do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2020 – e apoio do Instituto Casa Cleber Teixeira. Os três pesquisadores se debruçaram na bibliografia rara e especializada do acervo deixado por Cleber Teixeira, editor reconhecido em todo país pela contribuição à produção literária e pelas edições artesanais de, entre outros, Augusto de Campos, José Paulo Paes e tantos autores catarinenses. Além da pesquisa sobre arte tipográfica realizada por Tina Merz e do estudo sobre a cultura do livro e a paixão pela leitura feito por Patrícia Galelli, o projeto também mergulhou, a partir de um olhar minucioso do escritor Dennis Radünz, num lado pouco difundido de Cleber Teixeira, o da poesia autoral. O fruto desse trabalho estará disponível no site editoranoanoa.com.br. A página reúne textos e conteúdos sobre o acervo da biblioteca de Cleber.

Trajetória cultural
Cleber Teixeira promoveu e apoiou, ao lado de outros intelectuais, eventos e projetos que contribuíram para a movimentação cultural em Florianópolis. Em meados dos anos 1960, criou a Editora Noa Noa. A produção artesanal de livros foi uma marca em sua trajetória dedicada à literatura. Em 1966, um ano depois de produzir manualmente seu primeiro título, adquiriu uma máquina impressora movida a pedal, da mesma marca utilizada pela escritora britânica Virginia Woolf, e passou a editar livros compostos e impressos em tipografia de tipos móveis.
Cleber nasceu no Rio de Janeiro e veio para Florianópolis no final dos anos 1970. Por aqui, passou a se dedicar integralmente à Editora Noa Noa. Editou livros de autores consagrados na literatura catarinense, brasileira e estrangeira, da poesia de Leonor Scliar-Cabral e Pedro Port a traduções de Mallarmé e John Donne, novos escritores e a própria produção literária. No total, publicou 72 títulos, além de cartazes e impressos de pequeno formato, como calendários, plaquetes e cartões de arte. Em toda essa produção procurou reunir a qualidade da obra literária a um projeto gráfico de simplicidade sofisticada, com composições tipográficas tradicionais.
Biblioteca com 8 mil obras
Ao longo da vida, Cleber Teixeira constituiu uma biblioteca com cerca de oito mil volumes. “Ele manteve sua vida ligada à cultura do livro, das artes gráficas, da tipografia e da literatura, como demonstram os cerca de 500 títulos de sua biblioteca pessoal que tratam exclusivamente sobre livros e temas correlacionados: História do Livro; Leitura; Biblioteca; Editoras e Livrarias; Artes gráficas; Tipografia; Conservação, restauração, encadernação”, observa Tina Merz. Sua casa-biblioteca, em Florianópolis, sede também da oficina tipográfica da Editora Noa Noa, foi um espaço de recepção de escritores, estudantes e pesquisadores dos cenários catarinense e nacional.
Em 2019, seis anos depois de sua morte, o lugar foi transformado no Instituto Casa Cleber Teixeira, dirigido pela arquiteta Maria Elisabeth Pereira Rêgo, viúva de Cleber, que agora conta com parcerias de apoio com projetos de extensão da UFSC e Udesc.
Mais informações sobre a programação completa no site editoranoanoa.com.br/livros-sobre-livros