Nesta sexta-feira (19), a Clímax celebra a 10ª edição no Jonas Pub, Centro de Floripa. Conversei com Edu (3xuardo/Jaque) para entender melhor a proposta desse rolê que já passou pelo ATÔA NA JÔA, Centrinho da Lagoa, Terraza e outros, e vem se destacando como espaço de valorização de artistas locais e de acolhimento a pessoas LGBTQIAPN+. Leia o nosso papo:

Como nasceu a Clímax?

Fazer uma festa em Florianópolis é um plano antigo, ela nasceu de uma vontade genuína de reverter processos viciosos que estão aqui há anos… Clímax, na biologia, é a interação harmônica entre todos seres vivos num ambiente estável, e também significa o orgasmo, o ápice, o ponto mais alto. O nome nasceu de um filme do Gaspar Noé. É por aí, mirando alto sempre, uma hora acertamos e tá tudo bem.

Quem está por trás da Clímax?

Aqui é o Edu, mais recentemente 3xuardo e Jaque. Usei Paulus durante anos, que é meu sobrenome, e agora o larguei. Sou váries como a multiplicidade de tudo que faço. Meu corpo e mente estão a favor dos outros. Não faço nada sozinho, tem mais 10 pessoas ativas ajudando com ideias e mão na massa, todo tipo de contribuição e ajuda é bem-vinda. Não faria nada sem essas pessoas, a Clímax é feita principalmente por pessoas LGBTQIAPN+.

De que maneira o projeto vem para contribuir para a cena noturna da Ilha?

Queremos fazer nosso próprio caminho. O movimento “antibolha”. Há diversas carências nas festas da Ilha… a principal delas é a falta de pessoas dissidentes na posição de artistas e sendo pagas. A Clímax quer criar uma cisão mesmo. Baixar preços, fazer coisas na rua, quebrar essa tradição de explorar público e produtores culturais. Nosso foco é elevar os locais e produzir artistas caso necessário. Se a gente conseguiu? Ainda não sei, mas sentimos que algo mudou.

Ollymaciel e Edu. Fotos: David Allan/@putsdavis

Aliás, o que é a Clímax? Uma festa, um projeto, uma label? Como definir?

A Clímax é uma celebração da liberdade. A definição mais exata poderia vir da falta mesmo. Falta de algo fixo. Quando criamos Organismo Transmutável, queria dizer que poderíamos ser o que quiser, festas, feira, escola, ativismo, música eletrônica house ao funk mandelão, do toca discos e pesquisa gringa ao notebook ligado com cabo P2 tocando vários remixes BR! Aqui pode quase tudo, não temos nenhuma crença limitante ou preconceito, na festa cola de trans ativista a boy cis recém-desconstruído e acredite, há uma harmonia, pelo menos na pista e dentro da atmosfera da festa. Queremos diluir tudo e fazer um suco com novo sabor, poder ser o que quiser e vier! Agora se as pessoas vão entender, aí é outra questão. Estamos no processo!

A primeira edição foi na Joaquina em janeiro? Desde então, como vem sendo esse crescimento?

A festa cresceu bem, essa primeira rolou 200 pessoas. Depois, no Carnaval, 600, mais ou menos, e no Terraza com a Cashu deu cerca de 500. Várias coisas aconteceram nesse caminho, daria um livro, sério! Seguimos fortes. Estamos muito bem assessorades e vamos andando por cima dos problemas. O maior problema real sempre será a falta de dinheiro e a exploração. Tem que ter muito amor!

A ideia é ser itinerante mesmo?

A ideia é ter um micro-ônibus, botar toda galera e levar essa festa para todo Brasil, tipo um rolê móvel, passar em festivais, gravar um doc e brilhar. Até que a Kombi e o investidor não cheguem, estaremos em Floripa e em breve alguma edição no RS ou SP. Alô Redbull, alô Heineken!

Que tipo de som o público pode esperar?

A festa é de música eletrônica, tudo hoje é música eletrônica. Esperem dançar, e música eletrônica bem pesquisada. Acho que pela primeira vez estamos num pós-tropicalismo eletrônico e consumimos o necessário de fora para criar algo nosso, algo genuíno que respeita e está dentro da esfera eletrônica BR.

Vocês fizeram uma edição de rua no Carnaval em um ano que, oficialmente, não teria Carnaval. Como foi isso?

Foi intencional! Queríamos aproveitar essa lacuna. Dois anos sem Carnaval, não dava mais. Fomos à prefeitura, conversamos, avisamos, inclusive na polícia e no fim deu certo. Tem também a mistura de sorte e privilégio de um homem branco usado a favor de uma festa para pessoas que não têm esses mesmos privilégios. A polícia colou duas vezes e eu (Edu) liberei duas vezes conversando apenas. Tinha alvará, mas se eles quisessem era tiro porrada e bomba, mantive a calma e na hora desenrolei, disse que era neto do dono da rua e isso pesou para que eles fossem embora de boas.

O que mais está previsto para esse ano?

Nossa próxima é agora sexta (19) no Jonas Pub com Extranie, Jehnny Glow, Ritsuka, 3xuardo, Iguia Indra, Cabralilustra, Purple Juice, Olly, Claritas, PanteraSolar e mais… Tem after depois numa casa ali, quem ler aqui e quiser ir na lista amiga 20 é só mandar nomes. No mais, queremos fazer o ano novo na rua! Estamos nos preparando para isso. Dia 8 de outubro tem uma no Gallery House. Isso é tudo, e nada, pessoal. Acompanhem pois em breve novidades saindo do forno kkkkk aquelas.

Os ingressos para a festa desta sexta estão à venda pelo Shotgun. Acompanhe a Clímax pelo Instagram.