Integrante do grupo, Natan Severino fará pocket show com músicas autorais compostas a partir da pandemia e que abordam a vida nos morros da cidade

O Coletivo Lundu, criado com o intuito de promover o samba em Florianópolis, está completando um ano de atividades e vai comemorar o aniversário com o baile Do Batuke ao Zouk, na Cenarium Escola de Dança, neste sábado (24). Entre as atrações estão o DJ Nego Minas, de Porto Alegre, e o multiartista manezinho e integrante do grupo, Natan Severino, que lançará quatro músicas autorais em um pocket show no meio da festa. Haverá ainda oficinas de samba de gafieira e samba no pé.

O coletivo surgiu da inquietação de dois jovens que sentiram a necessidade de estudar o samba de gafieira de forma aprofundada e oportunizar que outras pessoas fizessem o mesmo, especialmente as que não tem acesso fácil à cultura. O assistente social e professor de dança Lucas Aguiar e o músico, ator e dançarino Gabriel Rosa se reuniram no início de setembro de 2021 ao redor de uma mesa de uma pizzaria modesta, mas aconchegante, camuflada atrás de uma portinha na Avenida Hercílio Luz, para discutir a ideia. No dia 14 daquele mês, ocorreu o primeiro encontro, com apenas quatro participantes, em uma sala da escola Casarão da Dança, no Centro de Florianópolis. 

O projeto também ganhou formas no papel, foi inscrito na Lei Aldir Blanc, de incentivo à cultura, e em outubro daquele ano recebeu recurso para ser colocado em prática. 

“Fomos pesquisar um nome para o grupo, encontramos Lundu, que é uma dança angolana trazida pelo negros escravizados e que influenciou a origem do samba brasileiro”, contou Aguiar. “Já o coletivo implica na organização, de forma que todos participem tendo como premissa a filosofia Ubuntu: eu sou porque nós somos”, completou. 

Hoje, o grupo conta com mais de 30 membros e já organizou cinco oficinas de Samba e Origem, com aulas de musicalidade, samba de gafieira, samba e ginga, samba no pé e samba de roda em diferentes espaços da cidade. O coletivo tem como propósito não só promover o samba, mas abraçar o maior número possível de pessoas negras e se aproximar das comunidades. 

O evento terá apresentação de Natan Severino. Natural da Coloninha, no Continente, é bailarino, ator, músico, cantor e arte-educador. Graduando em Teatro pela Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) e integrante do Coletivo Lundu, compôs quatro sambas a partir da pandemia. A solitude compartilhada com os vizinhos no período de isolamento resultou no projeto Da Janela e as canções Pra Confirmar e Companheira Confidente, que serão apresentadas no sábado, ao ladod e Nas Alturas, composta para a peça O Último Voo de Um Menino, do Projeto Percursos, e Aviso Que Eu Dou. Lumeia e Sincero Adeus, do músico Felipe Corbani.

“Influenciado pelas rodas e festas familiares não me reconheço sem o samba e as manifestações pretas. Desta maneira, levo arquivado em meu corpo a linguagem popular brasileira rica em batuque, canto e dança”, traduz Severino. 

Saiba mais pelo Instagram do Coletivo Lundu. Mais informações sobre as oficinas aqui

Foto em destaque: oficina samba no pé com Andreia Zaida, promovida pelo Coletivo Lundu na Cenarium Escola de Dança. Imagem de Beatriz Rey