Junho é o mês do orgulho LGBTI e conversei com algumas pessoas LGBTIs que estão produzindo e entregando delícias para comer e beber durante a pandemia. São profissionais que já cozinhavam e passaram a entregar em casa neste período difícil que estamos vivendo, como o Matheus Emerick, ou que viram na quarentena uma oportunidade para empreender enquanto os outros projetos estão parados, como o Alisson Airam, do Camará Bar.
Confira, conheça e apoie! Quem tiver outras sugestões pode deixar um comentário.
Delivery dos Sonhos

O chef de cozinha e confeiteiro Matheus Emerick é de Brasília e está em Floripa há dois anos. Começou na cozinha profissionalmente na adolescência, quando auxiliava no buffet comandado pela mãe. Depois, estudou gastronomia e teve passagens pelo restaurante Versão Tupiniquim, onde aprendeu a manusear equipamentos e técnicas da gastronomia molecular, e pelo Maní, onde fez estágio e acabou ficando por cinco anos. Por lá, teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com nomes importantes da gastronomia, como a própria Helena Rizzo e Rodrigo Oliveira (Mocotó).
Desde que chegou em Floripa, atua como consultor e teve passagem pela cozinha do Toca da Garoupa. Depois, decidiu investir em sua marca própria, Emerick na Cozinha, focada em jantares com menu degustação. O projeto tem uma comunicação criativa e diferente do que se vê na área da gastronomia, com direito a ilustrações assinadas pelo artista Tudix e fotos lindas de Renata Monteiro e Linda Laranja.
Desde que a pandemia chegou ao Brasil, ele lançou um novo projeto, o Delivery dos Sonhos, com pratos com cara de restaurante entregues em casa. Os menus são semanais e as marmitas chegam refrigeradas – basta colocar no forno.
“Tomou uma proporção maior do que eu esperava e eu acabei investindo mais ainda no projeto. Inclusive pretendo continuar com ele pós-pandemia. Nunca havia trabalhado com encomendas, foram muitos testes e detalhes para fazer a comida chegar com a mesma qualidade”, conta.
No Delivery dos Sonhos, os pratos de alta gastronomia pelos quais o chef ficou reconhecido dão lugares a versões mais simples mas não menos sofisticadas. O mais pedido é a costelinha na brasa com molho barbecue e mil folhas de batata (R$ 49). Há ainda versões vegetarianas como rondelli de cogumelos com creme três queijos e amêndoas assadas (R$ 48). De sobremesa, brownie ou crumble de maçã. Os pratos podem ser adaptados para diferentes restrições alimentares.
“É um formato pelo qual eu consigo exercitar a criatividade. É também legal ver a galera em casa, muito carente de tudo, de sair, de atenção, de amigos, de abraços, e perceber como a comida consegue fazer esse papel de resgatar memórias e te confortar nesse momento”, finaliza.
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Malu Chocolates e Guloseimas

É impossível olhar as fotos e não babar pelos doces criados pela confeiteira Malu Hoffmann, que toca a marca especializada em chocolates artísticos junto da advogada e namorada Lia Albring. As duas são de Toledo, Paraná, e acabaram de completar quatro meses em Floripa. Apesar da Malu Chocolate e Guloseimas ter sido lançada oficialmente em fevereiro deste ano, Malu já produz doces há muito tempo. Advogada de formação, em 2013 ela decidiu testar uma receita de mini cheesecakes e logo os pedidos para todos os tipos de doces começaram a surgir:
“Quando me formei, me mudei para Curitiba e me matriculei no curso de Patisserie e Boulangerie do Centro Europeu, além de estagiar na Caramelodrama (que infelizmente encerrou as atividades ano passado), da Chef Carolina Garofani. Era uma confeitaria autoral, recheada de técnicas e aprendizados, e muito do que faço hoje é reflexo daqueles tempos de estágio. Foi muito enriquecedor!”, conta.
Desde então, ela já deu cursos, coordenou o laboratório de uma confeitaria em sua cidade natal, deu consultorias a restaurantes, cafés e padarias e também mentorias a pequenos empreendedores.

Chocolates artísticos são uma nova vertente do mundo da chocolataria, focada em arte comestível. São chocolates finos, como barras, bombons, ovos de páscoa, trufas e tudo o que envolva chocolate, super coloridos e pintados um a um manualmente em um trabalho totalmente artesanal. A Malu trabalha com chocolates da empresa belga Callebaut e os produtos são entregues em embalagens impecáveis desenvolvidas pelo designer Duda Pan, da Kadabra Design.
Os sabores são clássicos, como barras de caramelo puxa com flor de sal (R$ 32 a unidade) ou trufas de coco com amêndoas (R$ 70 a lata com 10 unidades), mas também há apresentações e sabores inusitados, como cubos crocantes de chocolate e massa folhada (R$ 68 a lata com 10 unidades), bombons em formato de corações facetados com ganache de avelã e gel alcóolico de rum e cumaru. Entre os que mais fazem sucesso estão as caixas de bombons coloridos (a partir de R$ 95) e os bombons do mês (R$ 5,50), que são sabores disponíveis apenas durante o mês que foram lançados.
“O mundo do chocolate é livre e nos permite essas experimentações, por isso dizemos que nossa cozinha é um laboratório”, finaliza Malu. Os pedidos são feitos exclusivamente pelo Whatsapp (48) 99118-9232 e podem ser retirados no local ou entregues em casa mediante agendamento.
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Salto de Forno

O pão virou um símbolo da pandemia (já existe até a expressão pãodemia) mas quem não se anima a fazer tem ótimos opções que são entregues em casa. A Salto de Forno é uma delas – especializada em pães artesanais, a marca nasceu no começo de 2020 e vem crescendo graças ao trabalho lindo do Fábio e do Marcus, casal que está por trás de tantas delícias.
A história da Salto de Forno começou quando Fábio atuava como cozinheiro e queria desenvolver uma receita para o restaurante em que trabalhava. Com um estoque de farinha de fubá pouco explorado, ele pensou em transformar o tradicional brownie de chocolate em uma versão de fubá. Foi também nesse restaurante que ele teve seu primeiro contato com fermentação natural e começou a desenvolver suas próprias receitas de pão. Mesmo após ter saído do restaurante, ele continuou os testes em casa e chegou ao Manauê (R$ 12) com chocolate branco, que se assemelha ao Manuel da Bahia e ao próprio Manauê, receita que data do tempo do Brasil Colônia.

Para complementar a renda da casa, junto com Marcus criou a Salto de Forno, que trabalha com fornadas semanais sob encomendas e pedidos para eventos. Há entregas nas quintas e nos domingos e opções como pão de cacau (uma delícia para comer com doce de leite, R$ 20), centeio (a partir de R$ 10) e outros sabores.
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Camará

O Camará apareceu recentemente no yasss como o bar querido onde nós queremos nos encontrar assim que for possível e seguro. A novidade é que Alisson Airam, baiano radicado em Florianópolis, decidiu produzir e entregar comidas típicas de sua terra enquanto esse momento tão esperado não chega. Assim nasceu o Rango Camará, que começou na segunda quinzena de maio com cuscuz e acarajé e já ampliou o cardápio. Agora há também caldos (R$ 10), beiju de tapioca (a partir de R$ 6), bobós, moquecas (a partir de R$ 25) e sobremesas diversas, como o bolinho de estudante (R$ 5), iguaria típica da culinária baiana feita com tapioca granulada, coco, açúcar e canela.
Apesar de o negócio ser novo, ele cozinha há algum tempo e seus amigos próximos já tiveram oportunidade de experimentar os pratos que hoje estão disponíveis para delivery: “Faço para amigos sempre, tradicionalmente todo dia 27 de setembro, porque é dia de Cosme e Damião”.
Além de ser uma oportunidade de comer delícias típicas nordestinas, vale também para ajudar o Camará a se manter enquanto não pode ser reaberto. É possível pedir em casa de segunda a sábado (pelo iFood ou combinando diretamente com ele) ou encomendar para retirada no local.
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Ceva de Mina

Quem costuma frequentar eventos legais voltados para mulheres já deve conhecer a cervejaria Ceva de Mina, que nasceu em meados de 2016, fruto de uma brincadeira entre amigas escaladoras que viviam em busca de novas aventuras.
“A cerveja artesanal sempre estava presentes nas nossas trips, porém era a cerveja de nossos amigos que regava nossos rolês. Um dia, após o treino, sentamos como de costume para beber umas e surgiu a ideia de fazermos uma cerveja feita por “minas”, já que sempre bebíamos cervejas feitas por “minos”. Então, eu e mais duas amigas começamos a estudar para montar a nossa própria cervejaria”, conta a mestre cervejeira Glaucea Nachiketas, que atualmente está à frente da Ceva de Mina junto com a irmã Paula.
São produzidos diversos estilos, como Blond Ale, Pilsen, Saison, Pale Ale, Indian Pale Ale e Strong Ale, sempre com foco em cervejas mais lupuladas pois elas perceberam que as mulheres, de forma geral, gostam de cervejas mais amargas.
“As mulheres que estão por trás da marca não são só eu e minha irmã, ou as amigas que trabalham conosco, e sim todas as mulheres que fortalecem este rolê, que compram nossas cervejas, que ajudam a divulgar. A Ceva de Mina é composta por todas essas mulheres incríveis que nos apoiam. Queremos resgatar este saber ancestral, que é nosso, disseminar esse saber e ajudar a fortalecer todos os movimentos e projetos feministas que buscam espaço na nossa sociedade patriarcal machista atual”, completa Glaucea.
Geralmente, a Ceva de Mina pode ser encontrada em eventos, como a própria Fatto a Femme. Como essas atividades estão canceladas durante a pandemia, é possível comprar as cervejas no Espaço Caapora e Vero Artesanais, no Campeche, ou diretamente com as minas pelo Instagram ou WhatsApps (48) 99116-6006 (Glaucea) e 99157-5207 (Paula). As garrafas de 600ml custam R$ 18 e as long necks R$ 10.
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