Filme Faça Você Mesma, de Letícia Marques, traz depoimentos de integrantes de bandas como TPM e Dominatrix
Quase três décadas após o início do movimento Riot Grrrl, a cineasta Letícia Marques, de Florianópolis, lança um documentário que mostra parte da cena da música independente e conta história de bandas de essência punk e feminista brasileiras. Por conta da pandemia, Faça Você Mesma ganhou pré-estreia virtual e por enquanto não há exibição confirmada em Santa Catarina.
O movimento nasceu nos Estados Unidos, quando garotas usavam música e publicações independentes para espalhar ideias sobre o feminismo e se expressar. O Riot Grrrl permitiu que muitas mulheres fossem protagonistas da cena punk e hardcore e abriu caminho para o sucesso de bandas 100% femininas (ou encabeçadas por mulheres) nos anos seguintes. E, além da relevância como movimento musical, também foi o primeiro contato de muitas garotas com conceitos que hoje são mais conhecidos e falados, como empoderamento feminino, igualdade e sororidade.

Focado na cena brasileira, o filme resgata histórias de grupos como TPM, Hitch Lizard, Dominatrix, por meio de conversas com integrantes (Caroline Pfister, na foto em destaque, Gigi Louise, Isabella Gargiulo) e outras mulheres que viveram o movimento. Quem viveu a época, seja acompanhando as bandas de longe ou frequentando os festivais, vai se identificar e até se emocionar com os depoimentos e as imagens de arquivo, que transportam para aquele tempo em que muitas garotas encontraram na música acolhimento.

A ideia de criar o documentário surgiu em 2016, mas a identificação com o movimento veio muito antes, quando Letícia era adolescente e ganhou uma fita do Dominatrix, que acabou se tornando uma das bandas mais importantes do gênero. Parte do projeto foi financiado por meio de uma campanha de financiamento coletivo, em 2017. Na época, até Kathleen Hannah (Bikini Kill, Le Tigre e Julie Ruin), cantora, ativista e um dos ícones do movimento nos Estados Unidos, compartilhou a campanha em seu perfil no Facebook.