Festival, de 3 a 6 de maio, tem agenda intensa de exposições, oficinas, demonstrações de técnicas, feira de produtos e rodas de conversa

Na edição comemorativa aos 10 anos do Floripa Quilt, festival de patchwork que mobiliza o segmento artístico e comercial envolvido com a arte de unir retalhos, as novidades refletem um reposicionamento e uma abordagem mais ampla da arte têxtil e do artesanato neste momento de grandes mudanças e desafios.

“Queremos ampliar o público, mostrar para o próprio mercado que a arte feita com agulhas vai muito além do repertório tradicional, e possibilitar uma compreensão mais ampla e contemporânea sobre o patchwork e o quilt”, conta a idealizadora e organizadora do Floripa Quilt, Janaína Machado Cordeiro, do Ateliê Corarte. O festival acontece de 3 a 6 de maio, no SESC-Cacupé, em Florianópolis.

Em nove anos, o festival ofereceu ao seu fiel público o que existe de mais atual no segmento em materiais, produtos prontos, maquinário, além de oficinas de aprimoramento de técnicas, concurso de quilt e mostras de trabalhos premiados. Se consolidou apostando nos eixos comercial por meio da feira; na formação/educativo com oficinas ministradas por mestres da arte têxtil, rodas de conversa abordando temas contemporâneos; e cultural com as exposições. 

Para a 10ª edição, as mudanças são sutis, porém indicam um movimento que pretende dar maior visibilidade para a potência que o festival já possui. Uma das mudanças foi a alteração no edital do Concurso de Quilts para reforçar o olhar contemporâneo para a arte têxtil.

“A gente recebe obras de arte, precisávamos de um olhar mais artístico para o concurso, uma curadoria”, diz Janaína, que convidou a artista têxtil Verônica Filipak para participar da estruturação do edital. A paranaense representada pela Galeria Zilda Fraletti, com participação em concursos nacionais e internacionais, chega para trazer este frescor ao concurso. A mudança já trouxe como resultado o aumento no número de inscrições em relação aos anos anteriores. Os trabalhos finalistas e premiados estarão em exposição  na 10ª Mostra do Concurso de Quilts.

O festival tem como premissa a formação e divulgação da arte têxtil e artesanato. Com caráter educativo, as mostras apresentam diversidade de trabalhos que vão do mais tradicional quilt aos contemporâneos. Reforçam a potência de obras de uma categoria de produto que se encontra entre o tênue limite de dois sistemas historicamente constituídos: artesanato-arte. Por isso, vai além das mostras de trabalhos dos professores e dos finalistas do concurso nacional de quilt. Aposta em produções já reconhecidas em outros campos como do design e da arte.

Uma delas é a mostra “Os Arquipélagos”, de Nara Guichon, artista têxtil e ativista reconhecida nacionalmente, que exibe instalações para além de sua produção comercial. As homenageadas na 3ª Mostra de Bordados também rompem esses limites do artesanato-arte. A florianopolitana Maria Celeste Carvalho Neves (1919-2014) que começou a pintar quadros com retalhos, linhas, rendas e agulhas aos 64 anos. Foram mais de 520 trabalhos produzidos e a inserção de seu nome na cena artística nacional. E a mineira Dóris Sueli Teixeira, que trabalha com têxteis (bordado, patchwork, estamparia, tingimento e batik) desde 1970, expondo e vendendo os seus trabalhos em eventos no Brasil e na América Latina. É premiada nos festivais de Gramado e de Niterói e no Festival Internacional de Houston (EUA), em 2005. É membro da ABPQ (Associação Brasileira de Patchwork e Quilt) e da IQA (International Quilt Association).

“Afetos e Tramas Entrecruzadas” é o tema proposto pela curadora da 3ª Mostra de Bordados, a artista têxtil Parísina Ribeiro. “A afetividade sempre esteve presente no tramar têxtil de pontos, fios, cores e traços ontem e hoje da arte que nos encanta e nos aproxima pelos diversos cruzamentos das linhas da imaginação, da criação e do fazer artístico”, afirma a curadora.

O 10º Floripa Quilt terá ainda a Mostra das Mestras (professoras dos cursos em 2023), a Mostra “O Oceano que nos une”, de bordadeiras e rendeiras, além das demonstrações de renda de bilro,  sashiko (técnica manual japonesa), tear de miçanga e frivolité com Dona Ivonita Di Concílio, de 85 anos. Há também oficinas, rodas de conversas e demonstrações. Mais informações pelo site floripaquilt.com.br/10anos