Composição cênica é parte da pesquisa de movimento e dramaturgia desenvolvida pelos dançarinos desde janeiro
Duas das principais referências em Santa Catarina da cena de street dance, os bailarinos Gui Fant e Julia Milan apresentam no próximo sábado (29) uma composição cênica resultado do projeto Fragmento. Trata-se de um ensaio aberto no qual os artistas compartilharão sua pesquisa de movimento e dramaturgia a partir da relação entre as danças urbanas e elementos como câmera, luz e sombras.
A apresentação, gratuita, será às 19h na Sala Cênica da Cenarium Escola de Dança, na Capital, seguida de um bate-papo. A conversa terá tradução em Libras.
Fragmento fala sobre um tempo não-linear, sobre as diversas formas de olhar e de se relacionar com o outro e com o espaço. No processo, os bailarinos exploram as possibilidades de recortes , perspectivas do olhar e do mover que alteram e criam composições e sobreposições em um mesmo tempo-espaço.
Com a chancela do Prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura 2022, o projeto começou ainda em janeiro de 2023. Desde o início do ano o duo está dedicado ao desenvolvimento do tema por meio de ensaios e pesquisa de movimentos, além de uma série de práticas de laboratório e oficinas abertas ao público realizados com bailarinos de renome na cena brasileira como convidados: Lidiane Emmerich, Gabriel Ferreira, Diogo Granatto e William Ballestrin.
Nesse sentido, a Dança de Parceria, o Breaking e o improviso cênico estão presentes em todo o caminho de pesquisa e de composição de Gui Fant e Julia Milan nesse projeto muito em razão das ideias e linhas que foram trazidas pelos artistas convidados.
“Cada convidado trouxe para nós olhares e possibilidades diferentes de se relacionar com nosso tema e proposta. Isso foi muito rico, porque apontou perspectivas de fora do nosso processo. Como estamos apenas nós dois construindo e, ao mesmo tempo, dançando, é muito bacana poder dialogar com outras pessoas”, afirma Julia Milan.

Breaking e o Hip Hop Freestyle
Gui Fant e Julia Milan são conhecidíssimos pela pesquisa dentro da linguagem das Danças Urbanas, principalmente o Breaking e o Hip Hop Freestyle. Para o projeto, eles realizaram interseções com as linguagens dos artistas convidados, como a dança de parceria, dança acrobática e improviso cênico.
A ideia do projeto partiu da vontade dos bailarinos de retornar para o presencial depois de três anos de processos e criações intermediadas pelas câmeras e por projetos voltados para a videodança — a pandemia da Covid-19, por exemplo, influenciou comportamentos sociais e artísticos em razão da necessidade de distanciamento.
A ideia de apresentar o resultado de toda essa construção em um ensaio aberto — e não em formato de espetáculo — se deu pela vontade de compartilhar parte do processo em si.
“Isso porque não será uma apresentação finalizada enquanto objeto ou produto, mas sim um compartilhamento de processo mesmo, um processo que tem a intenção de ter continuidade e possivelmente tornar-se algo mais estruturado futuramente”, explica Julia Milan.
Também está previsto um vídeo-memorial, no formato de making of, sobre o processo e as ações realizadas no projeto. O intuito do audiovisual é assegurar a continuidade do projeto e que ele chegue a mais pessoas por meio de festivais.
Mais informações: @projeto.fragmento