Furacão 2000 é uma das atrações do ARVO Festival, que ocorre neste sábado (28), em Florianópolis

Com data marcada para este sábado (28), o ARVO Festival se prepara para realizar uma edição histórica no Império das Águias, em Florianópolis, com a presença do rapper Baco Exu do Blues, Furacão 2000, Jorge Aragão, FBC, Anelis Assumpção, Rubel, Liniker, Nação Zumbi, Dandara Manoela convida Rincon Sapiência, Tulipa Ruiz, Coral Tape Mirim convida Eliara Antunes, e Reis do Nada com participação de Flora Cruz e Re Significa. 

Para celebrar a presença da Furacão 2000 no line up do festival mais importante de Floripa, o yasss enviou três perguntas para Rômulo Costa, sócio fundador, que comanda a produtora junto com a esposa e também apresentadora Priscila Nocetti. Fundada na década de 1980, a Furacão 2000 ganhou notoriedade ao popularizar os bailes funk no Rio de Janeiro, tornando-se uma referência cultural no cenário musical e de entretenimento do país. Desde o funk proibidão até os hits mais comerciais e festivos, a Furacão lançou músicas que atravessaram gerações, como “Rap da Felicidade” de Cidinho & Doca, “Rap das Armas” de MC Júnior e MC Leonardo, e “Tô Tranquilão” de MC Sapão, contribuindo não apenas para a propagação do funk carioca, mas também influenciando a identidade da música brasileira até hoje.

Para a 8ª edição do Festival ARVO, a Furacão 2000 levará para o Campeche um show que transportará o público de volta ao início do século ao som das batidas que todo mundo sabe de letra sob o comando de Rômulo Costa. Confira:

Em 2020, a Furacão 2000 completou 45 anos e é impossível falar de funk carioca sem lembrar de vocês. Qual é o principal legado da produtora e aonde ainda pretendem chegar, agora que estão prestes a completar meio século de vida?

A Furacão 2000, tendo como seu precursor e lutador do movimento por todos esses anos, Romulo Costa, sócio fundador, e Priscila Nocetti, esposa e apresentadora, faz parte da história do movimento funk. Pioneira, muito do que se compreende como cultura funk foi produzido pela Furacão: música, estética e comportamento urbano. Grande parte do que se entende como funk, presente no mundo inteiro, teve seu processo de criação dentro da Furacão 2000, de forma orgânica a Furacão foi criada, cresceu e se desenvolveu junto deste movimento.

Mesmo sendo muito mais popular que há 20 anos (muito graças ao trabalho da própria Furacão 2000), o funk ainda é criminalizado e discriminado. Qual a importância do gênero como movimento de resistência e de cultura periférica?

A Furacão 2000 é um produto da periferia e sempre deu voz às favelas e subúrbios. Citando um clássico do movimento Funk e MC Bob Rum, Rap do Silva, “O funk não é modismo, é uma necessidade, é pra calar os gemidos que existem nessa cidade”. O funk tem a linguagem do povo, dialoga com grande parcela da população, suburbana, periférica e favelada, se reinventa e está sempre atual. O funk é porta voz de um povo que dificilmente é ouvido, expõe as vivências do cotidiano das periferias.

Na sua opinião, quais são as principais diferenças entre o famoso funk anos 2000 e o funk produzido atualmente no Brasil – em termos de letras, temas, batidas, etc. E como essas diferenças foram ocorrendo ao longo do tempo?

Referente às letras, o funk continua sendo muito plural, existem composições com temas mais sexualizados, existem composições que falam de amor, relacionamento, vivência nas comunidades, o funk consciente, existem estilos para todos os gostos e finalidades, para refletir e para dançar nos bailes.
 
Pra falar da batida, podemos começar, de forma bem simplificada, a partir da década de 90 com a incorporação do voltmix nas músicas produzidas pelos funkeiros. Também na década de 90 surgiu o tamborzão, o mais utilizado nos anos 2000 e presente atualmente nos principais lançamentos da Anitta (que iniciou a carreira imitando músicas da apresentadora da Furacão 2000 Priscila Nocetti). Dennis DJ, Kevin O Chris, MC Pocahontas (Pocah), Ludmilla, MC Carol e outros – a maioria destes artistas tiveram suas carreiras iniciadas na Furacão 2000. Existe uma infinidade de misturas e variações com outros ritmos como o bregafunk e o mandelão em SP, o funk tem essa capacidade natural de se recriar ao mesmo tempo que também pode voltar lá atrás e incorporar o tamborzão nos lançamentos atuais.

Saiba mais

O ARVO é um festival de música brasileira que nasceu para transformar o comportamento e o consumo de música e cultura em Florianópolis. Aproximadamente 21 mil pessoas passaram pelas 7 edições realizadas entre 2018 e 2022 com mais de 96 horas de programação musical. Informações e ingressos: www.ingresse.com/arvofestival