Richard Nunes, o rr.r.r.rr.r e um dos idealizados da Glitch, fala sobre a nova fase do rolê independente

Atualização: a festa foi adiada por conta da nova onda de Covid-19 e Influenza na Capital catarinense. Leia o comunicado aqui.

Em nova data a ser definida, a Glitch retorna com uma edição presencial, para pessoas vacinadas e em um local (ainda) secreto. Será uma edição maior e com mais tempo de duração, com Alef The Boy, Marssala, Pleasure e Rafael Moura.

Para entender melhor o que Richard e o Rafa, respectivamente rr.r.r.rr.r e Alef The Boy, estão preparando, o yasss bateu um papo sobre a história da festa, pandemia e novos projetos para 2022.

Primeiro, como e quando nasceu a Glitch?

A Glitch nasceu em maio de 2019, onde o cenário da música eletrônica LGBT na cidade era bem pequeno; tínhamos poucas festas que incluíam minorias em suas pautas, seja enquanto produção, lineup de artistas e até mesmo o público. A gente sentia falta de espaços feitos e pensados por nós.

Eu e o Rafa pensamos na festa em um lugar pequeno para receber poucas pessoas e explorar gêneros da música eletrônica não tão comuns por aqui, como o trance e o acid. Alguns amigos compraram nossa ideia, fomos crescendo aos poucos e fomos convidando pessoas para integrar nosso núcleo de artistas residentes: djs, performer, cenógrafo, fotógrafa, motion e hostess. Hoje a Glitch é composta por oito pessoas! 

Qual é a proposta da festa?

Sempre tivemos uma visão sobre a experiência da festa como um todo, basicamente quem chega na festa encontra imersão visual, sonora e espacial. É como se a Glitch rolasse em um rasgo da realidade, tudo é vermelho, quente e caloroso; um lugar estranho que por uma noite se transforma. Você não sabe exatamente o que vai ouvir, mas vá com sapatos confortáveis e preparada para dançar.

Quais espaços da cidade já ocuparam?

Nossa primeira edição foi no Bar do Jonas, um espaço clássico da cidade. O Jonas é uma pessoa muito bacana e sempre esteve super aberto para receber nosso projeto. Cinco das nossas seis edições presenciais foram lá. O lugar acabou se tornando pequeno para a pista que queria dançar durante a festa toda. 

Depois disso, fomos para o Armazém Vieira e fizemos nossa última festa pré-COVID, em março de 2020. Foi muito bom ter mais espaço para a galera curtir e também sentar para conversar e beber. 

A locação da próxima edição ainda é secreta 👀 Mas prometemos uma pista gigante e, claro, nervosa! 

Fotos: Lara Albrecht

Em relação à música, qual o gênero principal que rola?

A proposta da festa era explorar um lado mais agressivo e acelerado da música eletrônica. Então começamos focando bastante no acid house, disso passamos pelo techno até chegarmos no trance. No final das contas rola muita coisa, mas sempre no lado mais agressivo e acelerado.

A Glitch é um rolê com uma estética bem definida e marcante, tanto na comunicação quanto na cobertura. Podem falar um pouco mais sobre essa ideação?  

Desde o início a gente tinha em mente que a Glitch teria uma estética abstrata e derretida. Tentamos fortalecer essa estética em toda nossa comunicação: nas artes de divulgação dos eventos, na cenografia e, claro, na música. 

Durante todas as nossas campanhas, poucas vezes usamos o logo da festa para fortalecer a marca; era importante que a gente conseguisse criar no inconsciente coletivo a imagem da festa a partir de cores e formas para que quando as pessoas vissem um dos nossos lambes na rua conseguissem associar à nossa festa mesmo sem a marca. 

Esse trabalho ainda acontece, já que em todos os eventos a gente faz uma série de lambes em A2 e colamos nos principais pontos de circulação no centro da cidade. Além disso, todas as artes das festas são comercializadas em impressão A3 de alta gramatura para que as pessoas possam ter um pôster da festa como objeto de decoração em casa.

Como foi o período da pandemia para vocês, como artistas e como produtores?

A pandemia foi intensa mas acho que não fomos os principais afetados, já que nenhum de nós depende exclusivamente da festa como renda principal. Mas ainda assim, suspendemos quaisquer atividades porque é complicado demais criar essa experiência de pista de modo digital. 

Em conversa com vários amigos, ali por setembro do ano passado, planejamos uma transmissão da festa com sets gravados de quatro DJs (Alef the boy, Celéstia, Rafael Moura e Veróna Sputinik), performance da Maiteh Carraro e visuais do datajunkz e rr.r.r.rr.r. 

Foi muito bacana ver a mobilização da galera para assistir o que tínhamos preparado e também contribuindo de forma espontânea durante a transmissão. Além disso, vendemos uma série de pôsters via Instagram.

E o que estão planejando para 2022?

A Glitch tem um papel importantíssimo no desenvolvimento pessoal meu e do Rafa. Decidimos nos dedicar ao máximo em 2022 para criar e experimentar novas possibilidades, transformando a Glitch não só numa festa underground de Florianópolis mas em uma marca que promove multiexperiências. 

O pontapé inicial com certeza é o evento do dia 8 de janeiro, considerando que faremos uma festa para um público maior e com mais tempo de duração. A ideia é fazer eventos com mais recorrência e sempre com artistas importantes para a cena LGBTQIA+ do país. 

Como avaliam o cenário para rolês independentes e amigáveis para pessoas LGBTQIA+ na cidade, e de que forma a Glitch ocupa esse espaço?

Em 2020, antes da pandemia, a gente já tinha uma cena incrível se formando. Novos coletivos surgindo e muitas pessoas se articulando, estávamos criando esse senso de comunidade na cena local. E, provavelmente, daqui para frente esse cenário tem tudo para ser ainda maior. 

É importante que existam festas, coletivos e quaisquer tipos de manifestações artísticas produzido e pensado por minorias; existe espaço para todo mundo e precisamos fomentar a cena independente, já que existe pouco (ou nenhum) espaço para nós em clubes tradicionais. A Glitch, desde a sua formação, busca incluir minorias nos painéis das festas e dar espaço para que esses artistas explorem seus potenciais. Hoje, nós dialogamos e colaboramos com diversos produtores da cena noturna da cidade. 

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