Lançamento da quarta edição do Gusp é nesta quarta-feira (30), no Picnic Food

Recentemente, comentei com uma amiga mais nova, de 20 e poucos anos, que estava a caminho do evento de lançamento de um zine. Ela, claro, não sabia o que era, já que as publicações independentes, feitas da maneira mais barata e simples que existe – com papel, tesoura e xerox – andaram sumidas nas últimas duas décadas. Em Florianópolis, os cineastas Marko Martins e Letícia Marques decidiram reviver a vibe dos anos 90 e criaram o Gusp. 

“A ideia surgiu ali mesmo na Victor Meirelles, na frente do Taliesyn em uma madrugada. Vamos fazer? Vamos. E de algumas pessoas que estavam presentes, eu e o Marko que animamos para começar a fazer de fato. O Gusp nasce da vontade de nos encontrarmos, de promover a troca, algo que a gente possa tocar, folhear. E exatamente por estarmos em tempo digitais que a gente sentiu essa necessidade de retomar esse sentimento do artesanal, da relação das pessoas, algo que nós mesmos vivemos no passado”, explica Letícia.

O zine tem edições mensais e o número 4 será lançado nesta quarta-feira (30), a partir das 19h, no Picnic Food. A ideia do lançamento vem dessa proposta de impulsionar o encontro das pessoas, em um espaço onde elas possam trocar ideia. Já o local, que recebeu as estreias de todas as edições, também não é por acaso – o PicNic é quem comprou a ideia e patrocina o rolê.

“Ele foi o cara que, naquela madrugada, disse assim: ‘Se vocês fizerem o zine, eu banco as cópias’. Isso na verdade dá muito gás para a história toda, ele garante 50 cópias de um zine de 16 páginas A4. As noites de lançamento do zine têm sido cada vez mais movimentadas. E como eu e a Letícia nos esforçamos bastante na questão editorial, é possível ver muita gente interessante por ali. Artistas, escritorxs, músicxs, bêbadxs, mendigxs, flanelinhas, ambulantes, ativistxs, estudantes, desocupados… todo mundo se tocando, na medida do possível”, completa Marko.

Produção do Gusp: recorta e cola

Ele, inclusive, chegou a ter um fanzine nos anos 90. Quem é das antigas pode lembrar do BUMS, que não durou muito, mas também era uma forma de juntar os amigos para conversar em um tempo que era mais fácil as pessoas estarem realmente presentes, seja lá onde elas estivessem. 

“Isso talvez seja o principal, pois vivenciamos um afastamento das pessoas no começo do século XXI. Parece que tudo é via grupo, mas grupos virtuais. Eu odeio grupo de WhatsApp e essa merda toda. Eu prefiro sentar num bar e tomar uma cerveja e conversar com as pessoas. Então acho que essa coisa de fazer zine de papel passa por aí. Nessa semana que passou, anunciaram o fim dos jornais impressos aqui no nosso estado (a NSC anunciou o fim das edições diárias do DC, Santa e AN). Então o GUSP vai na contramão disso aí tudo”, diz Marko.

Como os dois trabalham com cinema, sempre há algum conteúdo sobre a produção audiovisual catarinense. Nesta quarta edição, por exemplo, haverá uma entrevista com Gabi Bresola sobre o curta Larfiagem, que conta a história da língua criada nos anos 50 na estação de trem de Herval d’Oeste, em Santa Catarina. Mas, no geral, não há regra e o que guia a linha editorial do Gusp é a liberdade. Na próxima edição também terá uma colagem da Vanessa Neuber, capa assinada por Maria Augusta Nunes, um conto do Demétrio Panarotto, entre outros nomes fodas. 

Depois de receberem todos os materiais dos colaboradores, Letícia e Marko se encontram para montar o zine, como manda a velha tradição do recorte e cole, ao som de discos de vinil e regado a vinho. Como nem tudo pode ser analógico, tem mais informações sobre a noite de lançamento da edição 4 na página do evento no Facebook

Gusp – lançamento da edição 4

Quando: quarta-feira (30), a partir das 19h
Onde: Picnic Food – Rua Victor Meirelles, 138, Centro, Florianópolis
Quanto: evento e distribuição gratuitos