Empresas que promovem trabalho contínuo para desenvolvimento de pessoas LGBTI e criam ambientes seguros são mais produtivas e inovadoras
A diversidade é um dos temas mais debatidos por especialistas em recursos humanos. Afinal, já se sabe que empresas mais diversas têm profissionais mais produtivos e com capacidade de inovação. Mas, na prática, como implantar ações que gerem inclusão LGBTI e criem um ambiente seguro e garantam oportunidades contínuas para o desenvolvimento desses profissionais para que consigam ocupar funções de destaque e de liderança?
Para a Pulses, startup que tem soluções de clima organizacional medidos de forma contínua, não há diversidade sem inclusão.
“É como se tivéssemos vários instrumentos musicais que, sozinhos, não tocam uma bela música. A inclusão é uma forma de trazer sinergia, integração e harmonia, o que vai acabar impactando diretamente no crescimento das empresas. É por meio da diversidade que temos olhares e opiniões diferentes e ricos que ajudam na inovação”, comenta Michelly Dellecave, CMO da startup.
Na empresa, um dos mantras é o “Diversigrowth” – a diversidade nos faz crescer, e este é um dos tópicos que estão presentes na cultura do negócio. No mês do orgulho LGBTI, por exemplo, os colaboradores participaram de uma roda de conversa sobre o tema com um convidado externo.
“Promover discussões e reflexões a respeito da pauta LGBTI é essencial na construção de ambientes de trabalho acolhedores e consideradores. Trazer este tipo de ação para a empresa é ótimo para que gestores e RH possam pensar em práticas para melhorar suas políticas de inclusão”, destaca Michelly.
Para Hóttmar Loch, diretor geral da Nohs Somos, startup que mapeia locais amigáveis aos LGBTIs e estimula a diversidade em empresas, o processo de inclusão é um movimento top-down, ou seja, deve ocorrer a partir das lideranças para os demais colaboradores, buscando o engajamento, o diálogo e a segurança psicológica dos times. Se bem conduzida, a estratégia de diversidade pode se tornar um diferencial competitivo e servir como alavanca de performance e inovação.
“Antes de estruturar a estratégia de diversidade, é importante compreender porque o tema diversidade e inclusão é relevante para a organização e se isso está realmente conectado com o propósito e os valores da empresa”, afirma Hóttmar.
Colaboradores integrados
A Involves, scale-up que desenvolve soluções para trade marketing, incluiu na cultura organizacional práticas e políticas para promover a diversidade. De acordo com Thuany Schutz, gerente de RH, a empresa tem como o base o respeito e o tratamento das pessoas como únicas. Cerca de 20% do time de involvidos (os colaboradores da empresa) se autodeclara LGBTI, segundo levantamento do grupo de diversidade e inclusão Diversa, organizado pelos próprios colaboradores. Para se tornar um ambiente acolhedor, a empresa organiza rodas de conversa sobre preconceito e discriminação racial, gênero e sexualidade, trabalha a preparação das lideranças sobre os temas e promove ações do grupo Diversa para desconstruir estereótipos de gênero.
“O grupo é um espaço essencialmente de aprendizagem e acolhimento, onde todas as pessoas são bem vindas para compartilhar conhecimento e experiências sobre diversidade. Acreditamos que ao conversar sobre preconceito, discriminação e privilégios evoluímos como pessoas e profissionais”, explica Luciano Costa, coordenador da área de Gestão do Conhecimento e um dos facilitadores dos encontros.
Ayna Christovam, customer success na Involves, conta que ao entrar na empresa há sete meses percebeu a importância de uma iniciativa voltada à diversidade.
“Nunca tinha trabalhado em uma empresa que tivesse um comitê formado para debater ações nesse sentido. Como mulher lésbica e negra, estava acostumada a puxar o diálogo da diversidade, por isso me senti acolhida. Eu tive interesse em trabalhar na Involves pela cultura da empresa e, quando entrei na empresa, pude ser eu mesma, o que fez com que eu me fortalecesse”, conta Ayna.
“A diversidade ajuda na produtividade e na inovação, por isso, mudamos a divulgação das vagas para atrair pessoas de diferentes grupos, seguindo o tom de voz da empresa, neutro (sem gênero). Além disso, fizemos ações nas redes sociais mostrando uma equipe diversa, para que todas as pessoas que se candidatem sintam-se acolhidas”, explica Thuany.
Foto: Urich Santana/Tem que Ter