Projeto Yvyrupá Território, do fotógrafo Radilson Carlos Gomes da Silva, apresenta 120 fotografias no Museu da Imagem e do Som de SC
120 fotografias no formato 3×4 e captadas com uma Câmera Fotográfica Artesanal Lambe-Lambe de 1915 estão na exposição Yvyrupá Território: Retratos e Relatos dos Povos Indígenas em Santa Catarina, do fotógrafo Radilson Carlos Gomes da Silva. A mostra será aberta a partir das 19h da sexta-feira, 10 de junho no Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC), em Florianópolis.
Há ainda dois vídeos mostrando os bastidores e relatos da ação, que apresenta parte significativa das identidades dos povos indígenas Guarani, Kaingang e laklãnõ-xokleng, em Santa Catarina. Para a realização dos registros em aldeias indígenas das cidades de Biguaçu, Major Gercino e José Boiteux, o fotógrafo teve autorização das lideranças locais. “Todos os registros dos 120 indígenas foram feitos com equipamento analógico, e para a execução da mostra fotográfica elas foram digitalizadas e utilizadas nos diversos formatos”, compartilha Radilson.
O fotógrafo conta que a expressão Yvyrupá ou Yurupá (como se lê) é utilizada pelos Guaranis para designar uma espécie de estrutura que sustenta o mundo terrestre: “Seu significado evoca o modo de ocupação do território pelos Guarani, sempre de maneira livre, respeitosa e harmônica”.
Radilson destaca ainda que os retratos em formato 3×4 formam um grande mosaico de identidades e rostos explicitando de forma visual traços das etnias, de suas linguagens e costumes. “A proposta é colocar em evidência a questão dos territórios indígenas a partir de sua identidade: olhar para os povos indígenas e reconhecer em seus rostos o direito originário ao território”, ressalta.
O projeto foi contemplado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) em 2020, com o 1º lugar na categoria Povos Indígenas, e conta com apoio do Museu da Imagem e do Som (MIS/SC) e da SóClick. Além da exposição, o fotógrafo promove dois encontros para fazer registro de pessoas com a câmera lambe-lambe. A ação gratuita será realizada nos dias 11 de junho e 10 de julho, das 17h30 às 18h30, no MIS/SC.
Desde o final do século XIX, a captação de retratos fotográficos para identificação dos indivíduos teve como uma das principais protagonistas as câmeras fotográficas de jardins, as chamadas câmeras lambe-lambes ou câmeras minuteras. A fotografia lambe-lambe democratizou o acesso da população aos retratos de identidade.
“A partir de 1º de maio de 1943, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que instituía a Carteira de Trabalho obrigatória, por muitos anos o retrato de identidade feito por uma lambe-lambe representava o primeiro acesso a carteira de trabalho de boa parte da população brasileira. Dessa forma, ao registrar os povos indígenas com um ‘aparelho de retrato de identidade’, queremos vincular sua identidade ao território”, finaliza o fotógrafo.
A mostra fica em exposição até 17 de julho.