Bar ajudou a mudar a relação das pessoas com a rua Victor Meirelles, em Floripa

Um bar pensado para as mulheres e pessoas LGBTIs que, em apenas um ano de existência, virou a maior referência na rua Victor Meirelles, no Centro de Floripa. Agora, Madalena não é apenas o bar – é o rolê inteiro, é o novo nome da rua, é o baile funk que surgiu ali perto. E, mesmo sem ter sido o primeiro estabelecimento a abrir por lá, foi o que trouxe as pessoas para a rua e impulsionou a abertura de tantos outros que vieram depois. A partir desta quarta-feira (9) até sábado, o Madá (apelido que pegou) celebra o aniversário e todas essas conquistas com quatro dias de festa.

Segundo Rose Bär, uma das sócias, a programação foi pensada de acordo com eventos que aconteceram durante este ano no Madá: músicas mais modernosas, LGBTI pride, música eletrônica com muita influência da disco, new wave, anos 80/90 e brasilidades. Também vai ter novidade no cardápio: oito novos drinks clássicos e releituras, com base refrescante e diferentes destilados, numa carta pensada para a primavera e o verão.

Foto: Jeferson Baldo

A celebração vem pouco tempo depois de o Madalena, assim como outros bares da rua, ter sofrido com a redução do horário de funcionamento. Em agosto, uma medida provisória de 30 dias fez com que os estabelecimentos passassem a fechar à meia-noite, duas horas antes do horário. Em setembro, uma nova medida foi estipulada e agora eles podem fechar à 1h. Autoridades alegam que as iniciativas teriam o objetivo de diminuir o tumulto e a criminalidade naquela região. Em 2019, foram diversas as ocorrências de ações arbitrárias da Polícia Militar no local, que agia com violência para dispersar os frequentadores da rua, usando balas de borracha e spray de pimenta. 

“Com o horário reduzido, a gente chegou a pensar que não daria conta de seguir da forma como começamos. Muito foi distorcido tanto pela imprensa, quanto por pessoas que não sabiam tudo o que estava acontecendo. Porém, nunca deixamos de ter apoio de amigos, do staff, de clientes próximos que estão sempre com a gente. Muita gente vinha pessoalmente nos dar apoio perante tudo o que aconteceu e isso não tem preço. A nossa ideia é permanecer, porque não dá para desistir daquilo que somos, mulheres e LGBTIs ocupando espaços da noite majoritariamente compostos por homens cis desde sempre”, comenta Rose. 

Desde que abriu as portas, o Madá se tornou reduto de mulheres e pessoas LGBTIs e também atraiu essas pessoas a rua. A proposta do bar sempre foi ser acessível, com preços amigos nos drinks e entrada gratuita. Para quem ainda não conhece, vale a visita para experimentar o drink Sapatônica, um gin tônica com xarope de tangerina, e tirar mil fotos dos azulejos azuis e dos neons cor-de-rosa – além claro, de apoiar um negócio lindo, criado por mulheres lésbicas e pensado carinhosamente para ser um espaço seguro para este público em um momento que, mais do que nunca, é preciso resistir.

“LGBTIs não deveriam ter que frequentar apenas lugares fechados, estar na rua como estamos é um ato político e isso vai do bar para a rua. Porém, estamos longe do que seria o ideal de convivência com liberdade nos espaços públicos. Ser um bar majoritariamente composto por mulheres (80%), sendo que destas 70% são LGBTIs, é para nós o que faz a maior diferença”, completa.

Um ano do Madá

Quando: de quarta (9) a sábado
Onde: Rua Victor Meirelles, 230, Centro, Florianópolis
Quanto: entrada gratuita

Foto em destaque: Diórgenes Pandini