Em cinco episódios, artista aborda a trajetória de sua vida de forma lúdica, cuja conexão ocorre por meio do crescimento do seu cabelo crespo

A rapper de Florianópolis Mana Moa lança, neste domingo (5), o projeto audiovisual M3: Mulher, Mãe e MC, que contempla um EP com cinco músicas e uma minissérie animada. Com o objetivo de empoderar mulheres e meninas pretas, a artista compartilha a sua trajetória neste novo trabalho e põe luz em questões de gênero, classe e raça. O lançamento do álbum visual em animação 2D será no Bugio Centro, a partir das 14h, com uma feira de mães pretas e indígenas artesãs, batalha de rimas com MCs convidadas, apresentações e intervenções artísticas. A exibição da minissérie será às 20h, seguida do show de Mana Moa. A entrada é gratuita. 

A narrativa dos cinco episódios é conectada através do cabelo da personagem: uma menina negra e periférica. O seu cabelo tem vida como uma planta, de onde brotam flores, que no decorrer de suas vivências, crescem ao ponto de criarem raízes no chão. O cabelo, usado como um importante artifício da narrativa, é um símbolo de resistência para a cultura negra, uma vez que coroa a beleza tão estigmatizada pelo racismo estrutural. 

Episódio 5 de M3: Mulher, Mãe e MC. Créditos da arte: Mariane Silva


Com mais de 20 músicas lançadas, Mana Moa fez mais de 100 apresentações pela região Sul e Sudeste. Em 2022, fez a abertura de shows nacionais como Racionais, Criolo, Dexter, Junior Dread, KL Jay e Cris e Sombra SNJ. Natural de São Paulo, começou a fazer as primeiras rimas de improviso na adolescência, além de escrever poesias e textos sobre impressões e experiências pessoais. A artista chegou à Ilha em 2015, acompanhada das duas filhas, Luna, atualmente com 10 anos, e Stella, 8 anos, após experienciar desilusões e relacionamentos abusivos. 

O projeto foi contemplado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2022 e terá como contrapartida social a exibição da série acompanhada de uma roda de conversa em duas unidades educacionais de Florianópolis: o Marista Escola Social Lúcia Mayvorne, no Maciço Morro da Cruz; e o Centro de Educação e Evangelização Popular (Cedep), no Monte Cristo.  

A minissérie conta a história da própria artista, que perdeu os pais ainda na infância, passou por um abrigo e foi adotada pelo tio avô. Relata como a menina se sentiu acolhida pela cultura hip hop mesmo quando a sua percepção sobre o movimento se limitava ao gênero musical. O walkman foi seu parceiro nos trajetos de ônibus até a escola, onde teve o primeiro contato com a música e a percebeu como uma ferramenta para compartilhar conhecimento. 

“Eu não queria atingir apenas o público adulto do hip hop, mas alcançar as crianças, ainda mais quando se trata de uma narrativa negra e periférica. Eu gostaria de apresentar um trabalho que pudesse ser assistido pelas minhas filhas”. 

A partir do dia 5 de novembro, a minissérie estará disponível no canal do YouTube e, as músicas, em todas as plataformas digitais. O projeto tem direção de Verônica Mackoviak, produção de Mana Moa e arte de Kio Zaz, Wellington Murilo, Mica Ferraz, Matheus May, Aaron Lopes, Ana Beatriz Borges, Ana Cristina Piza, Pablo Laguna, Giovanni Furlani, Pedro Leon e Mariane da Silva. 

Foto em destaque: Verônica Mackoviak (Inseta)