A partir de financiamento coletivo, projeto quer distribuir tatuagens temporárias com a mensagem Não é Não!
O coletivo feminista Não é Não! lança um financiamento coletivo para confeccionar e distribuir tatuagens temporárias contra o assédio durante o Carnaval 2020 em Santa Catarina. As artes trazem a mensagem do projeto — Não é Não! — e serão entregues gratuitamente às foliãs nos blocos de rua. A campanha para arrecadação dos recursos está aberta até o dia 16 de janeiro por meio da plataforma Benfeitoria.
Para distribuir as tatuagens, existirá uma rede de mulheres treinadas em cada bloco participante.
“Será uma distribuição consciente. A gente busca conversar, explicar por que é importante tatuar apenas mulheres, toda a questão da rede de apoio. Tudo isso para que o foco do projeto não se perca no meio da folia”, explica Mari do Brasil, embaixadora do coletivo em Santa Catarina.
Quem ajudar com R$ 20, por exemplo, ganha cinco tatuagens para usar uma em cada dia de folia. Há ainda diversas opções de valores que vão até R$ 300, com recompensas variadas como cartela de tatuagens com temática feminista, ecobags, copos, itens de decoração e até um cupom para usar na Padaria Pão à Mão, em Floripa. Vale lembrar que homens podem colaborar com a campanha, mas não ganharão tatuagens – eles receberão as outras recompensas e um e-mail com curadoria de conteúdos e links interessantes. O coletivo acredita que a luta precisa ser de mulheres e para mulheres.
Este é o quarto ano do Não é Não!, que já atuava na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo na luta contra o assédio, na orientação e na conscientização da população. Em 2020, além de Santa Catarina, o grupo estreia nos estados do Amapá, Espírito Santo, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul.
O crime de assédio sexual é comum o ano inteiro e em todos os períodos, mas é intensificado durante o Carnaval, principalmente pela falsa sensação de que “tudo é permitido”. A mensagem Não é Não! é simples, objetiva e direta, mas ainda muito necessária. Os números são alarmantes: ocorreram 135 estupros, por dia, em 2016. Somente em 2017, uma mulher foi agredida a cada quatro minutos durante o Carnaval carioca e no primeiro semestre de 2018 a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência recebeu 73 mil denúncias, através do telefone 180.
Coletivo nasceu no Carnaval de 2017
Criado pelo grupo de amigas Barbara Menchise, Aisha Jacob, Julia Parucker, Nandi Barbosa e Luka Borges, o movimento teve início após um episódio de assédio sofrido por uma delas em um ensaio de bloco de carnaval. Naquele ano foram mobilizadas 40 mulheres que se uniram na arrecadação de R$ 2.784 em apenas 48 horas, que foram usados para a confecção de 4 mil tatuagens, distribuídas gratuitamente pelas ruas da cidade para mulheres. Em seu segundo ano, o movimento extrapolou os limites do Rio de Janeiro e chegou a mais quatro estados como Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia, tamanha a adesão das foliãs. Hoje o grupo conta com embaixadoras em 16 estados brasileiros e segue crescendo, espalhando a mensagem contra o assédio pelos quatro cantos do país.
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