Evento idealizado por Luã Olsen estreia nesta sexta-feira (4) no Espaço Multitudinal, na Hercílio Luz

A cada duas semanas, O Pássaro Vermelho vai pousar (desculpa, não resisti) na Avenida Hercílio Luz, em um espaço que já foi uma oficina mecânica, uma venda de motos, o antigo Manifesto Cultural e hoje é o Espaço Multitudinal, tocado pelo Ula Cá, de Guiné Bissau. Uma referência ao antigo Bluebird, O Pássaro Vermelho é um evento de jazz idealizado pelo arquiteto Luã Olsen que estreia nesta sexta-feira (4), com o Watchout! Jazz Quartet, que não se reunia há seis anos com o baixista Trovão Rocha, o baterista Victor Bub, o guitarrista Wslley Risso e o Giann Thomasi, saxofonista. A ideia é que as noites de jazz nervoso tenham sempre uma atração principal, uma boa banda de jazz ou uma reunião de músicos que tocam constantemente, além de discotecagem.

“Defendemos o ‘jazz nervoso’, seja pela música ou pela experiência da noite. Tenho interesse no apelo underground do jazz, ou seja, fugir do aspecto de elitização e trazendo mais atenção à reunião aglomerada ao redor de bons músicos e pessoas interessadas no tema e a experiência do lugar em si. As festas deverão lembrar o Bluebird, ou seja, com um clima de pub um tanto caótico e que era a alma daquele bar: gente em pé, sentada, dançando, enfim, não será uma noite habitual”, adianta Luã.

Esquina que receberá O Pássaro Vermelho

Para explicar o que é o Pássaro Vermelho é preciso contar quem é Luã, que além de arquiteto foi produtor do Bluebird, na Mauro Ramos, espaço que teve vida relativamente curta, mas interessante. Também não faz tanto tempo assim que o jazz surgiu na vida dele:

“Ainda na faculdade, desenvolvi uma atividade com um colega de curso que consistia em ir ao Centro e deixar com que a cidade nos levasse, em uma ação de deriva urbana. Tratava-se de criar algumas estratégias e deixar-se levar por essas condicionantes: assim, enveredávamos pelos caminhos das personagens do cotidiano, dos habitantes da cidade, seguíamos seus rumos e depois íamos ao rumo de outro e de outro, alertas aos acontecimentos do caminho. Um dia, partimos da Catedral e quando dei por mim, um instrumento musical soava e um sujeito estava ensaiando com um saxofone naquela construção baixinha na Mauro Ramos, a qual eu nunca havia percebido”, relembra.

A vontade de retomar os eventos de jazz veio de uma insatisfação com os resultados obtidos na área da arquitetura. Pensando em fazer mais explorando o jazz e sua cena, já que há excelentes músicos na cidade e uma demanda forte, seu estúdio Oficina Helicoidal agora passa a produzir os eventos do Pássaro Vermelho.

“O Pássaro Vermelho é uma referência direta aos tempos do Bluebird, claro.  Mas isso talvez seja perceptível apenas por quem passou por lá e acho que não foi pouca gente. Mas ‘pássaro’ é uma referência constante na história do jazz. Havia o clube de jazz Birdland, em NY. Talvez ainda há, não sei se o original. “Bird” era o apelido de Charlie ‘Yardbird’ Parker, saxofonista de jazz. Esses dias encontrei um bar de jazz em Londres chamado Bird’s Basement, ‘porão do pássaro’, ou seja, acho muito interessante explorar essas variações do conceito de pássaro, como gaiola, liberdade, o improviso no cantarolar ou no voo; improviso esse que é um dos pilares do jazz”, explica.

O Pássaro Vermelho terá duas noites em agosto


Além desta sexta-feira (4), na segunda edição, no dia 18, a atração será a Nakatomi Plaza, que tem tocado mais frequente por Floripa, mas que terá uma experiência única no Pássaro. Em agosto, os cartazes são assinados por Raíssa Arruda. As noites também terão o mestre de cerimônias Juliano Malinverni, um escritor “à paisana”, Diogo Araújo, e o fotógrafo Raphael Zulianello.

Para beber, chopp da Ceva de Mina e vinho da Adega Nacional, e para comer terá pizza da Mozza Pizzeria, com uma opção tradicional, uma vegetariana e uma vegana com o queijo da Folha Vegana.

“Vale destacar que não vamos parar por aí. Minha ideia é investir na cena jazzística e vamos colocar tudo isso em prática, com preferência à uma pegada underground que é onde o jazz fica mais interessante”, finaliza.