“Percursos: o último voo de um menino” incentiva o empoderamento de crianças e adolescentes em projetos comunitários e de escolas públicas da Capital
“Percursos: o último voo de um menino”, espetáculo do Poeira Grupo de Teatro, formado por artistas negros de Florianópolis, será apresentado no dia 20 de outubro, às 20h, no Sesc Prainha. A atração, que será gratuita, faz parte da programação da Rede Sesc de Teatro. Os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência e o espaço está sujeito a lotação.
A peça conta a história de um menino preto que mora em um dos morros de Florianópolis. O personagem “Menino Sem Nome da Silva” conta com uma pipa mágica para executar uma tarefa indicada pela mãe: levar uma bolsa até a casa da sua avó, em outro morro da cidade.
No meio do caminho, porém, ele se perde, desce o morro e acaba se deparando com situações associadas ao racismo estrutural. A experiência vivida pelo menino o faz questionar sobre o seu lugar no mundo e o desperta para o auto reconhecimento enquanto pessoa negra.
O personagem é vivido pelos atores Gabriel Rosa, Luan Renato Telles e Natan Severino. As canções autorais “Nas Alturas”, “Vigie”, “Pega o Menino” e “No Dia de Jorge” foram compostas para completar a dramaturgia da peça.
Embora o espetáculo trate de temas dolorosos como racismo, violência policial e o apagamento da periferia de Florianópolis, as canções adicionam doçura e leveza, uma vez que enaltecem a cultura negra e provocam sentimento de empoderamento e proximidade com o público.
Da universidade para os palcos
O espetáculo foi idealizado em 2021 para um projeto da disciplina de Produção, Ética e Legislação do curso de Teatro, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Com incentivo da professora Zilá Muniz, os atores Luan Telles e Natan Severino, que eram estudantes à época, foram contemplados pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura Edição 2021.
A proposta levou em conta duas apresentações no Teatro da Ubro, com participação de pessoas das comunidades de Florianópolis, e ensaios abertos que foram realizados em cinco espaços comunitários na periferia da cidade.
A receptividade do público, especialmente das crianças, que por iniciativa própria enviaram cartinhas de agradecimento aos atores, fez o espetáculo alçar voos mais altos. Outras apresentações ocorreram em escolas, na Maratona Cultural de Florianópolis, no Festival de Teatro Infantil de Blumenau (Fenatib) e na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
O grupo também foi convidado pela Secretaria Municipal da Educação para ministrar o circuito de oficinas “Teatro e Musicalização no Debate Étnico Racial” aos grêmios estudantis das escolas municipais.
As músicas, que ficam registradas na mente de quem assiste o espetáculo, despertaram o interesse de produtores culturais da cidade e se tornaram um espetáculo à parte. No formato do pocket show “Canções Para Ninar Infâncias Pretas”, os artistas já apresentaram as músicas da peça no Espaço Cultural Wagner Segura, no Colóquio Diálogos Freirianos em setembro de 2023, e também no Kòmoràjó – Festival de Cultura Africana, no Restaurante Praça 11, em São José.
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Foto em destaque: Sabrina Stahelin
