#ProvoqueECO foi criado pela jornalista especializada em arquitetura e urbanismo Simone Bobsin

Em 17 de agosto, Dia Nacional do Patrimônio Cultural, a jornalista Simone Bobsin, do portal Arq SC, fez um desabafo nas redes sociais. Ela aproveitou a data para retomar o debate sobre o projeto de requalificação do Centro de Floripa, especificamente da nova pavimentação da Praça XV e arredores, que prevê a retirada de parte dos paralelepípedos de pedra, de 1886, por paver, feito com blocos de concreto. A mudança iria alterar a paisagem urbana do Centro Histórico Leste da Capital. 

No texto, a jornalista alertou para a importância da preservação para conseguirmos contar a nossa própria história. O post foi a centelha que faltava para colocar fogo no debate sobre o projeto da Prefeitura. Em seu perfil no Instagram, Simone Bobsin passou a publicar manifestações de profissionais como Cássio Taniguchi, ex-prefeito de Curitiba, e Vinícius Lummertz, secretário de turismo e viagens de SP, e assim nasceu o #ProvoqueECO, movimento que convida a uma reflexão sobre o tema.

“Aproveitei a data para publicar uma foto de uma obra minha do artista Pita Camargo que faz uma reflexão justamente sobre o valor do paralelepípedo bruto e polido e a percepção das pessoas sobre o material e a substituição de uma pedra nobre por paver nas cidades. No meu entendimento, o Centro Histórico Leste é o coração da cidade e as intervenções precisam ser feitas com muito cuidado. Não esperava toda essa repercussão e agito em torno do tema, acredito que a imagem da obra de arte chamou a atenção além da minha maneira de agir, por meio da arte, sem apontar nomes, agregando outras vozes, sendo mais leve, somamos”, conta Simone, que frequenta a região há mais de 30 anos. 

#provoqueeco
Intervenção urbana realizada após a repercussão do caso nas redes sociais

Para ela, o Centro Histórico sempre teve um lado boêmio por vocação, mas quando o Tralharia abriu, em 2015, o bar impulsionou novamente a retomada daquele espaço, agora tomado por bares e rolês para todos os gostos.

“Costumo falar que todo urbanista sonha com o que aconteceu ali de forma espontânea, esse movimento, esse pertencimento, as pessoas na rua usando o espaço. Esse é o objetivo de quem faz planejamento urbano: conseguir com que as pessoas ocupem esses espaços e que eles sejam destino”, comenta.

Depois da repercussão das postagens, Simone, que é especializada em arquitetura e urbanismo, cobrou um posicionamento de entidades ligadas à economia criativa. O assunto chegou em vários grupos da Capital e teve como consequência uma audiência pública na Câmara de Vereadores, da qual a jornalista participou. Simone também foi convidada para integrar a 4ª Reunião da Frente Parlamentar em Defesa das Políticas Culturais em Florianópolis, presidida pela vereadora Carla Ayres. A pauta ainda teve repercussão nacional com a adesão da Associação Brasileira de Designers de Interiores, que publicou uma arte em defesa do Centro Histórico.

Em outubro, a jornalista reuniu um grupo com artistas, antropóloga, designers, professores e arquitetos para uma caminhada pelas ruas do Centro Histórico Leste. A intenção foi fazer uma conversa sobre o lugar, com a participação aberta e construção coletiva. No final, foi realizada uma intervenção urbana com lambes com algumas páginas do projeto e artigos da lei de 2014 sobre Patrimônio, expostos na fachada da rua Victor Meirelles no prédio da Escola Antonieta de Barros. Todos estão convidados a ir até o local para ver a intervenção urbana e fazer suas próprias perguntas.

#provoqueeco
Fotos: Fernando Willadino

“Toda a movimentação se deu a partir de algo tangível e sensível a muitos, os paralelepípedos, mas a causa é muito maior. Nossa intenção é mostrar que há vida no Centro Histórico Leste (a maioria se refere ao lugar como se ali não houvesse vida, é bizarro), que a requalificação é urgente e os usuários (moradores, comerciantes e população em geral) esperam há mais de 20 anos por melhorias, no entanto temos convicção de que não é retirando o pavimento original de 1886 (durável, não quebra) que os problemas da região serão resolvidos”, defende.

“As ações foram poucas mas tiveram grande repercussão, vamos dar continuidade e precisamos que outras vozes se juntem para ativar o debate até conseguirmos reverter a ideia tosca de retirar o pavimento original”, finaliza. 

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