Vídeo se apropria de imagens e diálogos do longa Paris, Texas, de Wim Wenders 

O projeto Rodar o Deserto, da artista Letícia Cardoso, será lançado nesta sexta-feira (25), às 19h, na Casa Açoriana, em Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis. Haverá exibição do vídeo “Austin ⇔ Paris: um ruído entre Jane e Travis (2009-2010)”, além de lançamento de publicação e cartões postais, ambos com distribuição gratuita. O audiovisual será exibido nas paredes externas do local e o lançamento dos materiais gráficos ocorrem no jardim interno.

Contemplado pelo Edital Elisabete Anderle 2017 na categoria Artes Visuais, Rodar o Deserto conta com uma publicação gráfica com 42 imagens no formato bloco, uma exposição, que esteve aberta em outubro passado na Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense) em Criciúma, cidade natal da artista, e cartões postais.

Todo o projeto nasceu da perda do vídeo “Austin ⇔ Paris: um ruído entre Jane e Travis (2009-2010)”. Letícia finalizou um primeiro corte, que chegou a ser exibido em mostras no país, porém a versão em alta resolução foi perdida. Neste novo projeto, ela elaborou a ausência do vídeo com os registros recuperados, disponíveis no Google Art Project, via Vimeo, em baixa resolução, e a partir das imagens que enviou por e-mail a outros artistas e amigos, transformando-os em uma série de prints screens, que resultaram tanto na publicação como nos postais, além da exposição já encerrada.

O vídeo foi captado com câmera de celular num trajeto rodoviário entre Austin e Paris no Texas, nos Estados Unidos, e se apropria de imagens e diálogos do longa-metragem Paris, Texas, de Wim Wenders (1984). Em 22 minutos, ele intercala e por vezes sobrepõe as imagens do filme de Wenders com as captadas por Letícia em seu deslocamento pelo deserto americano a partir de um ponto de vista de um passageiro de um ônibus com uma câmera de um celular. A imensidão, a solidão, a aridez e ao mesmo tempo os sinais do orgulho dessa cultura, os neons, a cidade grande e seus arranha-céus, conversam com a mesma temática do filme do diretor alemão, o “sonho americano”. Deserto e perda, portanto, são as palavras que ligam os dois momentos principais do projeto. 

“Sempre relaciono a experiência da perda com uma sensação de ‘estado de deserto’. Aparentemente não há nada vivo por lá, mas se você rodar o deserto se surpreenderá com a diversidade de cores no chão árido da terra seca, com a sensação corporal no contraste entre o calor diurno e frio noturno, com o silêncio externo e a provocação que ele gera com a ausência de seres humanos na sua memória ou nos seus pensamentos, na travessia de percorrer uma paisagem por um longo tempo sem avistar um edifício e o contraste disso no reencontro com a cidade”, reflete Letícia.

Lançamento de Rodar o Deserto e exibição do vídeo “Austin ⇔ Paris: um ruído entre Jane e Travis (2009-2010)”

Quando: sexta-feira (25), às 19h
Onde: Casa Açoriana – Rua Cônego Serpa, 30, Santo Antonio de Lisboa, Florianópolis
Quanto: entrada gratuita