Coletivo, natural de Joinville, vem produzindo algumas das festas mais legais da cidade e nesta sexta-feira (21) tem mais uma

De Joinville, a Tontura nasceu de um forte sentimento de recontar a história da música eletrônica e da cena clubber dentro da cidade, com um evento inclusivo e acessível. Foi criada por Doug (Thee J Doug) e Rhegis (Lamengaze), que trabalhavam no Bar Pixel, conhecida casa da região. Depois, também passou fazer festas em Florianópolis – por aqui, já se uniu ao coletivo Percepção para uma festa na Lagoa, já fez uma de Carnaval no Marina Parque em São José, já trouxe Omoloko para o Bar do Jonas, no Centro, entre outras. Um dos rolês que mais vem chamando a atenção na Capital, nesta sexta-feira (21) realiza mais uma festa, a Disco Marino, no querido Rancho do Pescador, na Ponta do Coral.

“O ambiente em si já é uma experiência à parte, não é sempre que você sai para dançar dentro de um rancho de um pescador. Sabemos que esse cantinho tem muita história e relevância para a Ilha e as festas daqui. Chegou nossa vez de deixar nossa marca lá, e para essa noite o tema veio inspirado nas décadas de 70, 80 e 90. Fortes influências da música disco, italo, e synthpop, bem como pitadinhas retrofuturistas”, adianta Lucas Miranda (voncaslu), DJ e um dos integrantes do coletivo, que se mudou para Floripa em 2019.

“Acho que essa curiosidade e abertura para entender o que havia por trás do rolê pavimentaram meu caminho atual. A Tontura foi quem me acolheu, foi minha primeira gig, e demos match de cara, na segunda vez que toquei já fui chamado para participar do coletivo e de lá para cá foram três anos e meio de trabalho”, relembra.

foto: Bruna Blumenberg

Segundo ele, o som é “uma bela salada mista, muito bem temperada”. Desde o início, a Tontura foi pensada para ser além de uma festa – ser uma experiência, com live sets, shows, performances, interações visuais, batalhas de dança. Cada edição é pensada com cuidado, para explorar algo novo e inusitado.

Entre as atrações da noite desta sexta-feira estão duas DJs locais, Noizzed, Raquel Zanella; um DJ de Jaraguá do Sul, produtor da Festa Xang, Luca Lucena; e voncaslu. Uma novidade será uma ação de redução de danos, organizada em conjunto ao coletivo Delírios, um dos primeiros movimentos organizados de Floripa e de SC preparados para atuar em contextos de festas. A ideia é proporcionar acolhimento e conscientização a respeito de substâncias e cuidados para curtir com segurança.

A escolha das atrações varia de acordo com a proposta de cada festa, mas há uma preocupação em incluir artistas mulheres (que, infelizmente, ainda são minoria nos line-ups de muitos rolês importantes da cidade).

“Sempre houve porque estamos rodeados de mulheres fodas fazendo um trabalho autêntico, e fazemos questão de apresentá-las para o público. A busca por atrações flui naturalmente a partir dessas conexões, estamos antenados em quem está fazendo um trabalho legal. Tentamos dar oportunidade aos artistas iniciantes assim como valorizar aqueles que pavimentaram o caminho para que a gente estivesse aqui hoje”, conta Lucas.

Carnaval, com KENYA20HZ. Foto: Bruna Blumenberg

A Tontura também é uma festa amigável para pessoas LGBTQIA+. Antes de ser criada, Rhegis (Lamengaze) era residente da principal casa LGBTQIA+ em Joinville. E um dos principais motivos da criação da Tontura foi pela falta de um espaço onde essas pessoas pudessem se sentir à vontade.

“Joinville ainda é uma cidade conservadora, onde nos deparamos com casos de homofobia, racismo e transfobia em ambientes comuns da noite. Resumindo, nunca foi um desafio envolver o público porque sempre priorizamos a segurança e o local de fala nela. E fazemos o básico, perguntar, dialogar e ouvir conselhos de como podemos melhorar cada vez mais essa experiência. Também trabalhamos com políticas afirmativas procurando equilibrar a disparidade de acesso dessas pessoas”, finaliza.

Mais informações pelo Instagram. Ingressos pelo Shotgun.

Foto em destaque: Nycolas Hartkopf