Estreias ocorrem nesta quarta e sexta-feira no CIC, em Florianópolis

Nesta quarta-feira (13), completam-se 15 anos do fechamento de um dos espaços mais importantes da música independente brasileira no início dos anos 2000 – o Underground Rock Bar, que ficava na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Para marcar a data e relembrar as histórias, o Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina – MIS/SC recebe uma exposição com objetos como cenários, imagens de shows, antigos cartazes e reportagens da época. Já na sexta-feira (15), no cinema do CIC, estreia o documentário Aquela Mistura, de Fabio Bianchini e Lucas de Barros, que conta como um quiosque que se chamava Trópicos se transformou nesse importante polo cultural.

A exposição integra o projeto Making Of, que reúne ambientação, objetos de cena, cartazes, materiais de pesquisa e outros mais relacionados a filmes catarinenses. A mostra vai lembrar o Underground Rock Bar em uma experiência imersiva que inclui até a disputadíssima agenda do ex-proprietário Franck Schnorenberger. A inauguração nesta quarta-feira terá presença de Franck e família, além de pocket shows de duas bandas bastante conhecidas dos antigos frequentadores. Apresentam-se The Dolls, grupo que nasceu e aprendeu a tocar no Underground, e Superbug, que estava no palco no primeiro show do Trópicos e no último do Underground. Nostalgia pura.

É a terceira edição do projeto Making Of e além do filme sobre o Underground Rock Bar participam Larfiagem, de Gabi Bresola, e Antonieta, de Flávia Person.

Já a estreia do documentário, na sexta, também vai deixar muita gente com saudades. O filme relembra a história do bar, que abriu em 1995 como uma casa de sucos, água de coco e caldo de cana. Logo o espaço ganhou a atenção do público de rock alternativo local pela trilha sonora (na época, tocada em fitas cassete), que incluía discos de bandas como Sonic Youth e Pixies. Depois, ganhou palco, virou Underground Rock Bar e ficou conhecido nacionalmente, até fechar em 2004, após pressão das autoridades e dificuldades financeiras.

A ideia de contar a história do bar surgiu quando o jornalista Fabio Bianchini e o cineasta Lucas de Barros gravaram um vídeo com o ex-proprietário para colaborar com o extinto blog De Trópicos ao Underground, há cerca de sete anos.

“Gostamos do resultado e pensamos que isso poderia crescer, e aí nasceu a ideia do doc. Mas outra coisa fundamental é que, basicamente, é meu bar. É uma coisa muito particular. Não sei se é o bar em que eu fui mais vezes na vida, mas é aquele com o qual eu mais me identifiquei, que eu mais gostava de ir. E fui na idade certa. Até brinco que no mesmo ano que o bar fechou eu completei 30 anos. Talvez eu devesse ter entendido o recado do destino, mas não entendi”, conta Bianchini, que até hoje é uma figura presente na noite alternativa de Floripa.

Os entrevistados do filme incluem Franck e sua família, que tocava o bar, músicos, frequentadores, produtores culturais, jornalistas, curiosos e o delegado da Lagoa da Conceição durante a época. Entre eles estão Wander Wildner, que chegou a morar no local, Adriano Cintra, o produtor cultural e DJ Tiago Franco, o coreógrafo Alejandro Ahmed e o líder dos Phantom Surfers, Mel Bergman.

Lucas com Franck, Andreza, a pequena Alinka e Fabio na casa da família no RS

Além de histórias divertidas e de um olhar sobre a produção independente no período, o filme também debate ocupação do espaço urbano de Florianópolis, relações entre grupos sociais, noção de cultura local, organização coletivista e comportamento, entre outros aspectos que procuram entender como essas coisas  se repetem, o que mudou e o que continua parecido em Santa Catarina.

“Contamos um pouco da história de Florianópolis. É um período que eu considero, não só afetivamente mas intelectualmente, importante a ser iluminado. E, de certa maneira, quero que outras pessoas pensem: “também vou fazer um documentário sobre o meu bar”, e com isso mais etapas da história da cidade são contadas. É um pouco de compromisso com a memória”, finaliza o jornalista.

Na sexta, junto com a projeção do documentário no cinema do CIC, a exposição no MIS recebe mais dois shows comemorativos – Os Cafonas, cujo vocalista e baterista Calvin Treze é um dos personagens que mais passaram tempo no bar. Também vai tocar Eutha, outra banda que está entre as que mais frequentaram aquele palco e que ajudou a organizar a conexão com artistas de todo o país (na época, com o nome de Euthanasia).

Abertura do projeto Making Of e estreia do documentário Aquela Mistura

Quando: quarta-feira, a partir das 20h, e sexta-feira, a partir das 19h
Onde: MIS/SC e cinema do CIC – Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600, Agronômica, Florianópolis
Quanto: entrada gratuita