Ao invés de desenharem nas ruas, participantes vão retratar ambientes da casa

Acostumados a se reunir a cada três semanas para desenhar nas ruas da cidade, os participantes do movimento Urban Sketchers Florianópolis tiveram de buscar uma alternativa para usar seus lápis e cadernos depois da ameaça da Covid-19. Assim, decidiram que o próximo encontro, neste sábado (4), será virtual. A iniciativa segue as orientações das autoridades de saúde e da própria organização Urban Sketchers, que é um movimento mundial. 

“É a primeira vez que realizamos um encontro com essa proposta, já que, claro, é a primeira vez que passamos por algo semelhante. Tínhamos duas opções: cancelar ou inovar”, explica a roteirista e designer Nathália Hiendicke, uma das organizadoras. 

O grupo criou um evento no Facebook para convidar os interessados. Como de costume, os participantes desenham durante duas horas mas, ao final do encontro, postam os resultados no grupo.

“É uma alternativa à nossa ‘exposichão’, mas desta vez virtual”, explica Hiendicke, referindo-se ao final das sessões em que as obras são colocadas no chão para que todos possam vê-las.

Experiência

Sem poder sair de casa, participantes já estão retratando ambientes da casa e vistas da janela, sem depender dos encontros.

“Eu continuo a desenhar em casa em vez de dar uma pausa durante o isolamento porque é uma forma de me manter ocupada e também de manter o espírito ligado ao desenho, à arte e à cor. É uma vontade de estar sempre em busca de algo para representar”, explica Maria Esmênia, professora universitária aposentada.

Maria Esmênia

Nathália Hiendicke analisa que, diante dessa situação inesperada, é interessante quando a possibilidade de “novo ângulo” fica dentro da nossa própria casa.

“Muitas pessoas relataram que esse período de quarentena é um terreno fértil para o autoconhecimento, descobrimento e aprimoramento de habilidades”, acrescenta.

“Quando desenhamos na rua, geralmente focamos na arquitetura do entorno, por isso, escolher o que retratar em casa foi mais difícil”, declara a designer Ana Tuyama, cuja família tem outros cinco integrantes também amantes dos sketches.

Ana Tuyama

Por outro lado, ela conta que essa experiência contribuiu para reforçar o laço familiar:

“Quando nos vimos isolados pela quarentena, pensei que reunir a família online seria algo legal. Foi nesse momento que conseguimos nos reunir para desenhar e bater papo aliviando o clima tenso vivido no momento”.

Homenagem

Por sugestão de vários participantes, o encontro deste sábado é dedicado ao artista plástico Daniel Azulay, que faleceu no dia 27 de março, aos 72 anos, após ter contraído Covid-19 durante uma internação para tratamento de leucemia. Azulay ficou famoso na década de 1980 pelo seu programa infantil na TV onde dava lições de desenho. Muitos daqueles que hoje frequentam os encontros recordam das horas de rabiscos quando crianças assistindo às suas orientações. 

Alcance global

O movimento Urban Sketchers começou em 2007, em Seattle (EUA), pelas mãos do jornalista e ilustrador Gabriel Campanário. Hoje está espalhado por quase 300 cidades em todos os continentes. O Brasil, com 49 grupos, está entre os países com a comunidade mais numerosa e anualmente promove um encontro nacional, sempre em uma cidade diferente. 

53º encontro Urban Sketchers Florianópolis: Desenhe em Casa

Quando: 4 de abril, das 15h às 17h
Quanto: gratuito, aberto a pessoas de qualquer idade e nível de desenho. Os participantes desenham em casa durante o horário e depois compartilham os resultados nas redes sociais do movimento com as hashtags #uskfloripa, #uskathome e #uskemcasa
Informações: uskflorianopolis@gmail.com. Para saber mais, vale conferir o Instagram do projeto

Foto em destaque: desenho de Ivan Jerônimo