Arte e ciência se entrelaçam na mostra que abre nesta quinta-feira (14)

Sobre pássaros, sinapses e ervas energéticas , exposição do artista plástico Walmor Corrêa, abre nesta quinta-feira (14), a partir das 19h, no MASC – Museu de Arte de Santa Catarina. A mostra é uma retrospectiva da carreira do artista, que articula interação entre arte e ciência em diversas linguagens como desenho,  pintura, escultura e outras instalações, e tem curadoria do pesquisador Paulo Miyada. A visitação vai até 18 de setembro.

Catarinense de Florianópolis, Walmor Corrêa desenha desde a infância e se dedica às artes visuais há mais de 40 anos. O fascínio pelo trabalho de Leonardo da Vinci – que conheceu ainda na escola – foi inspiração para que criasse seu próprio universo particular, definido numa parceria entre o desenho e a curiosidade constante pelos diversos personagens do folclore brasileiro. Até hoje, Walmor se considera “um adulto que busca solucionar questões da imaginação”. Assim, suas obras têm como referência a biodiversidade da fauna e da flora brasileira, mesclada ao folclore, lendas e outros seres  que habitam seu imaginário.

”É a partir dela (Natureza) e de um processo contínuo de pesquisa e fabulação que desenvolvo minha obra, provocando a imaginação e suspendendo as certezas do espectador”, conta o artista.

Além dos originários da sua própria fantasia, alguns dos seres híbridos que produz nasceram através de relatos escritos em textos de viajantes dos séculos XVI e XVII.

“Tenho, da mesma forma, dialogado com palavras, formas, saberes e crendices em torno do nosso fascinante herbário”, conta. Ciência e anatomia se alinham a essas criações, unificando verdade e ficção, costurando fatos a fábulas.

“Eu utilizo a ciência para demonstrar através do desenho uma possibilidade de verdade naquilo que acredita-se não ser”, acrescenta Walmor.

walmor corrêa
Foto: Leticia Remião

Para aonde vai Gorete

Além da exposição no MASC, Walmor Corrêa também leva ao Floripa Airport o trabalho Para aonde vai Gorete. A obra faz parte do Projeto Cavaletes Exposição Itinerante, que homenageia Maria Gorete Mendes, personagem do cotidiano manezinho que usou o antigo aeroporto Hercílio Luz como cenário de vida, onde socializava com quem transitava por lá. 

“Quem, ao chegar ao antigo Aeroporto Internacional Hercílio Luz/Floripa Airport, em Florianópolis, não recebeu um pedido de moedinha da Gorete? Ou até mesmo um pedido de casamento? Confesso que uma das satisfações pessoais ao retornar à minha cidade natal sempre foi reencontrá-la no Hercílio Luz, risonha e faceira, sugerindo que, não importa as dificuldades, devemos sorrir”, relembra o artista.

A ideia da homenagem surgiu como resgate à simpática tradição de recepcionar quem chegava ou voltava à cidade, já que a inauguração do novo aeroporto da Capital, em outubro de 2019, tirou Gorete da rota.

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